quinta-feira, 3 de outubro de 2013

PATA DE GANSO




A pata de ganso é formada por três tendões que se originam na tuberosidade isquiática e na sínfise púbica e se inserem na parte proximal na superfície medial da tíbia.

O nome pata de ganso foi dado devido a maneira como estes tendões se inserem nesta região, cujo formato lembra uma pata de um ganso.

Os músculos que formam a Pata de Ganso são: Sartório, Grácil e Semitendinoso. Tais músculos têm como função primária a flexão do joelho e, como função secundária a realização da rotação medial. Além destas funções, a pata de ganso protege a articulação contra o estresse em valgo e as forças rotatórias no joelho.

A pata de ganso pode sofrer lesões em suas bursas ou tendões provocando bursite anserina ou bursite na pata de ganso e a tendinopatia da pata de ganso, respectivamente. A bursa é uma bolsa com líquido sinovial que tem a função de diminuir o atrito entre os tendões e o osso, protegê-los e facilitar o deslizamento. A bursa da pata de ganso está localizada entre a tíbia e os três tendões. 

A bursite da pata de ganso pode resultar de um trauma agudo na parte medial do joelho ou por overuse (sobrecarga), na qual há uma fricção repetitiva da bursa entre a tíbia e os tendões devido a estresses em valgo ou uso excessivo dos isquiotibiais, principalmente naqueles que tem um encurtamento dos músculos posteriores da coxa.

É comum ocorrer em esportes que necessitam mudança rápida e constante de direção ou que realizem movimentos repetitivos do complexo flexor como, por exemplo, a corrida, futebol, basquete,etc..

Alguns fatores podem levar à predisposição de lesões nessa região, tais como: Treinamento excessivo (overtraining); gesto esportivo incorreto; aumento súbito dos treinamentos e corridas em aclives; pessoas com osteoartose e obesidade; encurtamento dos isquiotibias; lesão do menisco medial; deformidade em valgo; instabilidade medial.

Os principais sinais e sintomas são: dor ao subir e descer escadas na região medial do   joelho ou ao sair da posição sentada para em pé; edema no local; dor a palpação da região; dor para caminhar.

O diagnóstico consiste em uma boa anamnese e exame físico. É importante perguntar sobre a prática de atividade física, trauma, fatores de risco.
 
Exames complementares, como o Raio X e a RNM, podem ser solicitados para um diagnóstico diferencial, afim de descartar outras patologias e avaliar melhor a lesão. 

O tratamento é basicamente conservador com antiinflamatórios e fisioterapia. 

A fisioterapia na fase aguda visa controlar o quadro inflamatório e álgico através da crioterapia e da eletrotermofoterapia. Com a melhora da dor os exercícios devem ser iniciados visando principalmente o alongamento dos músculos posteriores da coxa, do quadríceps e do complexo adutor para minimizar o estresse sobre a bursa. Equilibrar as forças da cadeia anterior e posterior (quadríceps e isquiotbiais) fortalecendo ambos os grupos musculares é outro ponto fundamental para a reabilitação. Procurar enfatizar os exercícios de cadeia cinética fechada, pois estes trabalham em co-contração e simulam melhor o gesto esportivo. Numa fase mais tardia na qual o paciente não apresenta mais sintomas o retorno gradual ao esporte deve ser iniciado.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

HIPOTERMOTERAPIA

Hipotermoterapia, também conhecida como crioterapia, é o termo usado para descrever a terapia utilizando o frio e a aplicação terapêutica de qualquer substância ao corpo que resulte em remoção do calor corporal, diminuindo, assim a temperatura dos tecidos. Ela abrange uma grande quantidade de técnicas específicas que utiliza o frio na forma líquida (água), sólida (gelo) e gasosa (gases) com o propósito terapêutico de retirar o calor do corpo induzindo a um estado de hipotermia para favorecer uma redução da taxa metabólica local e promover a diminuição das necessidades de oxigênio pelas células.

Os efeitos fisiológicos causados pelo uso da Hipotermoterapia são: anestesia, redução da dor, redução do espasmo muscular, redução de hematomas e equimoses, melhora a amplitude de movimento, redução da inflamação em processos agudos e quebra do ciclo dor-espasmo-dor. 

O frio pode reduzir o espasmo muscular por um mecanismo reflexo e não direto, inibindo a condução nervosa periférica, principalmente quando utilizada por períodos de tempo prolongado. A redução da temperatura reduz a velocidade de transmissão sensorial, podendo levar até a um bloqueio de condução do nervo sensorial. Sendo assim as sensações cutâneas são reduzidas com a aplicação do frio.

É preciso ter cuidado quanto a aplicação do frio em pessoas que apresentam o fenômeno de Raynauld . Este é o nome dado as alterações funcionais da circulação periférica de caráter local. É caracterizado por episódios em pequenas artérias e arteríolas (nas extremidades), resultando em palidez, ou cianose na pele, seguido de hiperemia, também podendo ocorrer formigamento e queimação. A obstrução completa dos vasos ocorre quando a constricção for muito grande.

A Doença de Raynauld é predominante no sexo feminino jovem. As pessoas acometidas são aquelas que se expõem de forma leve ao frio, como colocar as mãos em locais frios.

Na terapêutica clínica, devemos considerar proibitivo o uso da crioterapia em pessoas que apresentam desordens vasoespásticas, pois o espasmo arterial extremo pode induzir a uma necrose. Devemos tomar muito cuidado na administração da crioterapia em nossos pacientes e saber interpretar sintomas das doenças vasoespásticas.

Inicialmente utiliza-se a crioterapia ainda na fase aguda, nos primeiros 5 minutos após lesão, a fim de alcançar todos os benefícios da terapia. Porém, a crioterapia pode ser aplicada não só na fase aguda das patologias, mas também na fase subaguda e crônica, dependendo dos objetivos do fisioterapeuta.

Métodos de aplicação da Crioterapia:

1)      COLD PACK - PACOTE FRIO – BOLSA DE TERMOGEL


O pacote de gel (hidrocollator) consiste em uma bolsa de vinil ou material plástico resistente contendo uma substância gelatinosa capaz de absorver e manter a baixa temperatura. Ele é mantido a uma temperatura abaixo de zero grau, e quando utilizado na terapia mantém esta mesma temperatura, por um período de tempo de aproximadamente 30 a 60 minutos.
Está indicado para tratamento de lesões superficiais e profundas. A fim de prevenirmos possíveis danos que este nível de temperatura pode causar a pele, a duração da terapia deve ser no máximo de 20 minutos.

2)      PACOTE QUÍMICO


O pacote químico caracteriza-se por ser descartável e por possuir no interior do seu envoltório (bolsa de vinil) duas divisões: uma pequena e outra maior, adicionando em seus interiores duas substâncias químicas que uma vez entrando em contato entre si, promoverão o resfriamento.

Para iniciar a operação de resfriamento pelo pacote químico, deve-se apertar a bolsa menor até que ela se rompa e libere o seu fluido para a bolsa maior. A reação química dos componentes das duas bolsas reduz a temperatura da mistura. A temperatura permanece abaixo de zero grau e a duração da terapia deve ser de até 20 minutos no máximo. É indicado para tratamentos superficiais e profundos. Cuidados devem ser tomados para possíveis vazamentos do fluido que podem provocar queimaduras químicas.

3)      BOLSA DE BORRACHA

Consiste na mistura de gelo e água, numa temperatura mais ou menos de 4 0C.  O tipo de resfriamento deste método é superficial, e a vantagem e que a proteção de borracha evita desconforto para pacientes sensíveis ao frio. O tempo de aplicação está em torno de 20 minutos.

4)      COMPRESSA FRIA OU PANQUECA FRIA OU PANQUECA DE GELO

Na compressa fria molhamos uma toalha em água fria (com pedras de gelo) e dobramos em forma de uma compressa, e aplicamos diretamente no local.

Na panqueca fria ou panqueca de gelo, executamos o mesmo procedimento da compressa fria, só que adicionamos dentro da toalha, gelo moído. Dobra-se a toalha em forma de panqueca e aplica-se diretamente na região a ser tratada. A duração das duas técnicas estão em torno de 25 minutos.

5)      SACO COM GELO

Esta técnica é bastante eficaz para tratamentos superficiais e profundos. E colocado gelo dentro de um saco plástico de textura fina. O gelo deve ser moído ou triturado. Devemos evitar o gelo em cubo, pois dificulta a moldagem em extremidades. Retiramos o ar do saco plástico, fechando-o em seguida para a sua aplicação. A duração do tratamento está em torno de 30 minutos.

6) SPRAY

O Spray é uma técnica de resfriamento que promove a redução da dor, congelando momentaneamente os receptores cutâneos que levam os estímulos dolorosos para o córtex sensitivo cerebral.

Destina-se a aplicação tópica no controle da dor miofascial, movimento limitado, espasmo muscular e controle de dor associado a aplicação de injeções. Outras condições clínicas podem se tratadas com Spray como a dor lombar, torcicolo, espasmo muscular associado a osteoartrite, entorse de tornozelo, rigidez dos isquiotibiais no pré alongamento, espasmo do músculo masseter, alguns tipos de dores de cabeça e dor reflexa devido a pontos desencadeantes (pontos gatilhos).

Na aplicação, mantenha uma distância aproximadamente de 30 cm do local da aplicação e realize movimentos suaves na área a ser tratada.


7) UNIDADE CRIOMÁTICA

A unidade criomática é um aparelho de refrigeração, onde circula o gás Freon, que é conduzido através de molas e serpentina dispostas como em uma almofada. A almofada é colocada ao redor do membro ou em outros segmentos como dorso e abdome. Seleciona-se a temperatura entre 60C e 270C. Um termostato mantém a temperatura próxima da selecionada. O seu uso é praticado em hospitais em pré e pós-cirúrgicos e por atletas.

8) CRIOCINÉTICA (frio e exercício sem dor)

A técnica consiste do uso do frio para promover o resfriamento local a ser tratado e permitir o exercício ativo progressivo, sem dor.

A crioterapia é indicada em casos de: espasticidade, entorses, contusões, traumatismos agudos, sub-agudos e crônicos, síndrome ombro-mão, coto de amputados, processos inflamatórios (bursites, tendinites, capsulites, sinovites, tenossinovites, etc.), artrose, artrite reumatóide, prevenção de lesões degenerativas, pós-cirurgias, pré-cinético.

E está contra-indicada nos casos de: hipersensibilidade ao frio; urticária ao frio; acrocianoses; alterações cardiovasculares graves; hipertensão arterial severa não controlada; síndrome de Raynauld.




quarta-feira, 11 de setembro de 2013

HIPERTERMOTERAPIA SUPERFICIAL


Consiste no tratamento por calor.

É o tratamento através da ação do agente terapêutico de forma localizada, e alcançando pouca profundidade (poucos milímetros) no segmento corporal, resultando em alteração térmica superficial.

Os efeitos fisiológicos da hipertermoterapia superficial são: produção de calor local, vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo,  aumento do débito cardíaco, aumento da frequência cardíaca, aumento da frequência respiratória, aumento do metabolismo, aumento da viscosidade do tecido e da produção de colágeno, aumento da temperatura corpórea, aumento da atividade das glândulas sudoríparas, aumento do consumo de oxigênio, aumento da atividade enzimática, aumento da excreção de metabólicos, aumento da fagocitose, diminuição da atividade do fuso muscular (relaxamento), diminuição da viscosidade intra-celular e diminuição da pressão sanguínea.
Os efeitos terapêuticos são: alívio do quadro de dor; relaxamento muscular; aumento do fluxo sangüíneo local; vasodilatação local (hiperemia); reparo dos tecidos; redução da rigidez articular; melhora do retorno venoso e linfático; diminuição do espasmo muscular; favorece a defesa e imunidade.
Está indicada para o tratamento de mialgias, fibromialgia, torcicolos, entorses, tendinites, bursites, espondilagias, artralgias, artroses, traumatismos após 48h, dores crónicas em geral, caimbras,furúnculos, etc.

1.      FORNO DE BIER


Consiste em uma peça confeccionada em madeira, em forma de “U” ou hemicilindro, aberto nas duas extremidades, forrado internamente com uma camada de material isolante e contendo em ambos os lados de sua face interna resistores de níquel-cromo, protegidos por uma placa de ardósia, a qual tem a finalidade de evitar o contato direto do paciente com os resistores, evitando queimadura e eletrocussão.

A camada interna isolante tem a finalidade de evitar a dissipação de calor para o meio externo. Quando o paciente é introduzido no seu interior, cobre-se o equipamento com um cobertor, para que haja um mínimo de perda de calor do forno para o meio externo, através das aberturas existentes em suas extremidades.

O FB possui a resistência elétrica com controle de temperatura por termostato. É um equipamento de baixo custo e de vida útil extensa.

A temperatura de tratamento dependerá de alguns fatores como: normoestesia térmica, sensibilidade do paciente ao calor e área a ser tratada. Uma faixa de aplicação confiável fica em torno de 45 a 60 °C, isto produzirá nos tecidos a elevação da temperatura em torno de 40 a 45 °C.

Para que o efeito terapêutico seja atingido nos tecidos, é importante que o tempo de aplicação fique em torno de 20 a 30 minutos. Tempos inferiores podem não serem suficientes para se conseguir os objetivos de tratamento.

Alguns cuidados devem ser tomados ao utilizar o FB: verificar a sensibilidade térmica do paciente; retirar os objetos metálicos ou plásticos da área a ser tratada; verificar a pele antes e depois da aplicação; não permita que paciente durma, pois diminui a percepção térmica; alertar sobre o risco de queimadura.

O forno de Bier é indicado em casos de artrose, artrite, artralgia, tendinite, tenossinovite, fibrose pós-imobilização, pré-cinesioterapia, mialgia, entorse e espasmos musculares.

Deve-se evitar o uso do equipamento em certas regiões, tais como: cabeça; face; cervical; ombro; saco escrotal e na região de tronco de paciente obeso.

  1. BANHO DE PARAFINA
 É uma forma de transferência de calor superficial, em que se usa a parafina derretida misturada com óleo mineral a uma temperatura entre 52°C a 54°C, com fins terapêuticos.

A parafina em estado sólido e já misturada ao óleo mineral é colocada no interior da caixa metálica. Liga-se o interruptor de força e seleciona o termostato entre 70°C a 80°C. O ponto de fusão da parafina gira em torno de 54°C. Depois de completamente fundida, baixa-se a temperatura do tanque em torno de 51°C.

É fundamental a assepsia da parte a ser tratada para evitar contaminação da parafina. É importante manter o tanque de parafina fechado quando não estiver em uso, para evitar a deposição de microorganismos. A parafina deve ser trocada com freqüência, e nunca reposta no tanque.

Existem algumas técnicas de aplicação da parafina, tais como:

1) Imersão repetida:

Coloca-se o segmento a ser tratado no tanque de parafina, se for a mão, preferencialmente com os dedos estendidos e abduzidos. Em seguida retire-o e aguarde de 3 a 5 segundos repetindo o processo durante 5 a 7 vezes até formar uma “luva de parafina”. Por cima desta luva enrole um plástico ou uma toalha a fim de manter a temperatura local entre 20 e 30 minutos.
2) Pincelamento:

Com a ajuda de um pincel, formar uma camada espessa de parafina na área a ser tratada. Depois cobrir com um plástico ou toalha a fim de manter a temperatura. O fisioterapeuta deverá atentar para a rapidez na aplicação, pois a demora favorece o resfriamento do local e a ineficiência da técnica. Duração do tratamento entre 20 e 30 minutos. 

3) Enfaixamento:

Passar a parafina com o auxílio de um pincel na área a ser tratada. Enfaixar uma vez a região com atadura; colocar outra camada de parafina por cima da atadura e enfaixar novamente, realizando o processo sucessivamente por 7 a 8 vezes/faixas. O paciente permanece com a faixa durante 20 a 30 minutos.

Os efeitos fisiológicos proporcionados pelo banho de parafina são: relaxamento, flexibilidade, vasodilatação, aumento do fluxo sangüíneo, aumento do metabolismo, aumento do aporte de oxigênio, aumento da extensibilidade do colágeno, diminuição da rigidez articular, melhora o retorno venoso e linfático e estimulação das glândulas sudoríparas.

O banho de parafina é indicado em casos de: artrose, artrite, artralgia, tendinite, cicatrizes quelóides, fibrose pós imobilização, pré-cinesioterapia, mialgia, entorse e em retrações musculares.

As contra-indicações da utilização do forno de bier e do banho de parafina consistem em: áreas com alteração de sensibilidade térmica, traumas e quadros inflamatórios agudos, febre, áreas desvitalizadas e isquêmicas, áreas hemorrágicas, lesões de pele, doenças dermatológicas, enxertos de pele recente, área com fixadores externos, áreas com implantes siliconizados.

  1. COMPRESSA QUENTE
 A técnica de aplicação consiste em mergulhar a toalha em água quente, e logo em seguida retirá-la. Deve-se fazer uma leve torcedura na toalha a fim de retirar o excesso de água. Se for conveniente, pode-se repetir o processo 2 ou 3 vezes. Dobrar a toalha, para que fique num tamanho adequado com a área a ser tratada, e aplicar a compressa diretamente no local a ser tratado por 20 a 25 minutos.

O local onde será aplicado a compressa deve estar desnudo, sem objetos metálicos ou plásticos,

Como a compressa tende a esfriar-se rapidamente pela troca calórica com o meio, ela deve ser substituída a cada 5 minutos, a fim de manter a temperatura local, até o final do tempo estipulado para o tratamento.

  1. BOLSAS DE TERMOGEL E DE ÁGUA QUENTE OU HOT PACK
 A bolsa de termogel é composta de uma substância capaz de absorver a energia calórica e de mantê-la por certo tempo, armazenada em uma bolsa plástica resistente e lacrada.

A bolsa de água quente é um artefato feito de borracha, resistente, com um bocal em uma das extremidades, por onde é introduzida a água quente.

Técnicas de aplicação:

a) bolsa de termogel: colocar a bolsa de termogel em um recipiente contendo água quente ou no microondas domiciliar e deixá-lo até que a substância contida no seu interior absorva a energia calórica. A bolsa de termogel é retirada e o fisioterapeuta verifica se a temperatura está adequada para a aplicação. Aplica-se a bolsa diretamente no local a ser tratado por 20 a 25 minutos.
b) Bolsa de água quente: disponibilizar água quente e colocar dentro da bolsa. Feche-a e aplique na área a ser tratada por 20 a 25 minutos. 
O local onde será aplicado a compressa deve estar desnudo, sem objetos metálicos ou plásticos,

Em pessoas muito sensíveis a temperaturas elevadas, pode-se colocar uma toalha úmida entre a pele e a bolsa.

TERMOTERAPIA


O termo Termoterapia diz respeito a modalidade terapêutica por utilização de agentes térmicos químicos e/ou físicos que resultam em troca de calor com o corpo.

Existem diferentes modos de transferência de energia térmica entre os corpos:



  • Condução: a energia térmica é transferida de uma região mais quente para outra mais fria, através do contato direto de suas superfícies de contato. Ex.: banho de parafina e as compressas.


  • Convecção: a energia térmica é transferida através da circulação de líquidos e gases entre o corpo que está liberando a energia térmica e o que está recebendo.


  • Conversão: é a transformação de energia mecânica ou eletromagnética em energia térmica, pela passagem nos tecidos do corpo (ultra-som, ondas curtas e microondas); ou mesmo através da irradiação eletromagnética (radiação infravermelha).


O organismo humano é homeotérmico, ou seja, mantém sua temperatura entre certos limites fisiológicos. Para que a temperatura seja mantida dentro destes limites, ela é regulada através de mecanismos de aquecimento e resfriamento, ativados pelo cérebro. Estes mecanismos quando ativados aceleram o metabolismo basal.

A terapia com calor é a aplicação de qualquer substância que provoque o aumento da temperatura dos tecidos estimulando a termo regulação corporal. O sistema termostático natural utiliza mecanismos importantes para reduzir o calor corporal quando há o aumento excessivo da temperatura, seja ela provocada ou não.

 A vasodilatação plena consegue aumentar a transferência de calor para a pele até 8 vezes; a transpiração e evaporação de água; o aumento da trocas metabólicas favorecendo a absorção de cosméticos e produtos medicinais. O calor provoca estímulo geral do metabolismo celular com aumento da síntese protética e da atividade enzimática com modificações da permeabilidade da membrana celular.

A terapia com frio, é a aplicação terapêutica de qualquer substância ao corpo que resulte em remoção do calor corporal, diminuindo, assim a temperatura dos tecidos. Ela abrange uma grande quantidade de técnicas específicas que utiliza o frio na forma líquida (água), sólida (gelo) e gasosa (gases) com o propósito terapêutico de retirar o calor do corpo induzindo a um estado de hipotermia para favorecer uma redução da taxa metabólica local e promover a diminuição das necessidades de oxigênio pelas células. O mecanismo termostático adota, no frio, a vasoconstrição cutânea; a diminuição da sudorese e aumento do tônus muscular, resultando em calafrios.

 Algumas indicações da termoterapia, seja com calor ou frio são: aumento da irrigação sanguínea,  aumento do metabolismo local, redução da dor, espasmo muscular, redução da rigidez articular, cicatrização, melhora da circulação, história ou tumor maligno cutâneo, processos de contratura muscular, relaxamento, importante analgésico, dor ao movimentar quando não está aquecido, pós-fratura, pré-massoterapia de mão e perna, redução de hematomas e equimoses, melhora a amplitude de movimento, redução da inflamação em processos agudos, quebra do ciclo dor-tensão-espasmo-dor, tratamento de flacidez de pele, e aumento da rigidez muscular.


Dados retirados dos links:






ucbweb.castelobranco.br/webcaf/.../nova_apostila_fisioterapia_geral.pdf

terça-feira, 6 de agosto de 2013

LESÕES DE TORNOZELOS E PÉS



TENDINITE AQUILEANA

É a afecção mais freqüente nos tornozelos. Sua causa é multifatorial e em geral está associada a uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos.
O tendão de Aquiles é o tendão mais forte do corpo humano. A maioria de suas lesões ocorrem durante atividades esportivas. A tendinopatia aquiliana é decorrente de microtraumas de repetição por sobrecarga de solicitação do tendão e clinicamente se apresenta com dor e edema no local, dificultando a realização de atividades extenuantes por parte do paciente. 
Diagnóstico
Geralmente é realizado por ultra-sonografia e ou ressonância magnética.
Tratamento
Conservador. O cirúrgico é reservado naqueles casos em que o tratamento clínico não foi satisfatório.
A ruptura completa do tendão de Aquiles geralmente ocorre em atletas saltadores ou corredores, durante sua atividade esportiva. Embora existam estudos histopatológicos demonstrando alterações degenerativas prévias ao rompimento do tendão de Aquiles, a maioria destas rupturas ocorrem subitamente e em indivíduos sem queixas anteriores. Indicam-se o tratamento cirúrgico para esta condição quando ela incide em indivíduos jovens e fisicamente ativos ou quando há demora no diagnóstico e na instituição do tratamento. Em indivíduos mais velhos e sedentários os resultados do tratamento conservados são satisfatórios.

FASCITE PLANTAR

É a causa mais freqüente de dor plantar. A fascite plantar ocasiona dor na região plantar, geralmente mecânica e, muitas vezes, ela se inicia pela manhã, quando o paciente acorda realiza seus primeiros passos. 

Está freqüentemente associada a indivíduos que percorrem a pé longas distâncias ou que se exercitam em superfícies irregulares ou utilizam calçados inadequados.

Exame Clínico

Pode encontrar-se espessamento da fáscia plantar e uma sensibilidade exacerbada à palpação do tubérculo calcaneal medial.

Diagnóstico

Pode ser confirmado pela ultra-sonografia ou pela ressonância magnética, demonstrando um espessamento da fáscia plantar associado ou não a edema.

Tratamento

Conservador. São prescritas palmilhas para amaciar o choque da superfície plantar com o terreno. O alívio da dor e do processo inflamatório com a utilização de antiinflamatórios e/ou infiltrações locais de corticosteróides também é efetiva.


TENDINITES E BURSITES DO JOELHO



BURSITES

- Bursite pré-patelar: pode ser uma condição crônica, secundária a determinadas atividades profissionais como as de atividade doméstica, nas quais o hábito de manter-se agachado apoiado sobre ambos os joelhos é freqüente. Geralmente ocorre por traumas ou microtraumas locais.
 - Bursite suprapatelar: surge na vigência de condições que afetam a articulação do joelho, já que esta bursa apresenta comunicação com a cápsula articular. 
Geralmente sua evolução clínica acompanha o da patologia intra-articular, desaparecendo na resolução ou controle desta.
O cisto de Baker ocorre por um aumento do volume das bursas do semimembranoso e dos gastrocnêmicos, e reflete patologia interna do joelho. Geralmente o paciente sente dor, às vezes, em peso na região posterior do joelho. Os cistos de grande volume podem romper e, por vezes, até simularem um quadro semelhante a trombose venosa profunda. Geralmente a correção ou o controle do processo articular do joelho promove o desaparecimento ou a diminuição do cisto de Baker. Eventualmente há a necessidade do emprego de antiinflamatórios ou infiltrações locais com corticóide. Raramente existe indicação de excisão cirúrgica.
TENDINITES

- Tendinites anteriores do joelho: ocorrem em conseqüência de traumas repetitivos em joelhos mal-alinhados. O trauma pode ser agudo, mas geralmente é resultado da sobrecarga de solicitação de movimentos. Contribuem para o aparecimento destas tendinites: erros de treinamentos (treinamentos em superfícies irregulares, excesso de exercícios precocemente), desalinhamento do quadril pela incongruência dos membros inferiores, desalinhamento dos mecanismos de extensão do joelho, deficiências de condicionamento físico e de flexibilidade, uso de sapatos inadequados.
- Bursite e tendinite anserina: O paciente apresenta dor em região medial do joelho, dificultando sua deambulação. O relato de dor e dificuldade de dormir com um joelho próximo ao outro são queixas muito freqüentes. Observadas em mulheres acima dos 40 anos, obesas e, geralmente, encontra-se associada a processo degenerativo do compartimento medial do joelho. O tratamento destas tendinites consiste em identificar e afastar os fatores predisponentes destas lesões, orientando treinamentos físicos, recomendando calçados adequados, corrigindo deformidades do pé e evitando superfícies irregulares. A diminuição da carga, se necessário, pode ser obtida através do uso de bengalas. O emprego de antiinflamatórios e meios de contraste entre calor e gelado são benéficos. Deve-se instituir um programa de fortalecimento da musculatura extensora e alongamento da flexora do joelho.

- Síndrome do trato ileotibial:
é freqüentemente causada pelo excesso de solicitação de movimentação do joelho, ocorrendo principalmente em atletas corredores ou ciclistas. Ela se desenvolve em conseqüência ao atrito repetitivo entre o trato ileotibial e o côndilo femoral lateral durante a flexão e a extensão do joelho, resultando em um processo inflamatório local. Clinicamente o paciente apresenta sensibilidade no côndilo lateral do joelho e dor ao se comprimir o trato ileotibial durante flexão do joelho a 30 graus. Pode estar associada a bursite trocantérica, e o teste de Ober positivo. O diagnóstico pode ser confirmado por ultra-sonografia e ressonância magnética. O tratamento geralmente é baseado no alongamento do trato ileotibial e no fortalecimento da musculatura do glúteo médio. Nos casos refratários deve proceder-se a ressecção da metade posterior do trato ileotibial próximo a área do côndilo femoral lateral.

Diagnóstico diferencial
Artropatias inflamatórias, infecciosas, por deposição de cristal e degenerativas fazem parte do diagnóstico diferencial. Dor referida do quadril, de patologias intravertebrais também podem causar dor no joelho.

LESÕES DO QUADRIL



BURSITES

Há pelo menos 18 bursas na região periarticular do quadril. Dentre elas, três se destacam como causa de dor: a isquiática (ou isquioglútea), a do iliopsoas e a trocantérica. 
Geralmente, estas bursites decorrem de um único trauma de forte intensidade ou de microtraumas repetitivos; podendo estar associada a diversas condições reumáticas, metabólicas, infecciosas ou ainda serem idiopáticas.

Bursite isquiática
Também conhecida como "nádega do tecelão", tal bursite apresenta dor e sensibilidade sobre a proeminência isquiática, podendo ser confundida com a dor ciática. Frequentemente o paciente sente a dor na região glútea ao sentar ou ao deitar. 
Sua causa mais freqüente decorre de quedas com impacto sobre as nádegas, aparecendo também em indivíduos que permanecem sentados em superfícies duras por um tempo prolongado.
Bursite Trocantérica
É a bursite mais freqüente do quadril. Deve-se às atividades com excesso de sobrecarga e a quedas sobre a região lateral do quadril acometido. 
 Clinicamente apresenta-se como dor no quadril lateral, com sensibilidade peritrocantérica, particularmente num ponto posterior e superior ao grande trocanter, um pouco distante do local da bursa trocantérica que se situa a 3 ou 4 cm de profundidade da pele, póstero-lateralmente ao grande trocanter. A dor pode ser contínua ou só ocorrer por pressão direta sobre a região e, muitas vezes, também pode ser confundida com a dor ciática. Eventualmente, esta bursite pode estar associada a síndrome do trato ileotibial.

Bursite do Ileopsoas
A bursa ileopectínea ou do ileopsoas é contígua à cápsula do quadril e separa o músculo ileopsoas da eminência ileopectínea. 
Clinicamente apresenta-se como dor na região anterior do quadril que piora durante atividades físicas, na sua flexão contra-resistência ou na sua hiperextensão.
Diagnóstico
Geralmente é realizada a ressonância magnética demonstrando a bursa distendida por líquido.
Tratamento
Consiste em exercícios de alongamentos e utilização de antiinflamatórios. Pode-se realizar infiltração de corticóides, se necessária, dirigida por flouroscopia. Em alguns casos há necessidade de remoção cirúrgica da bursa.

LESÕES MUSCULARES AGUDAS E TENDINITES

Os músculos geralmente mais acometidos no quadril são o reto abdominal, o ileopsoas, adutor longo e o reto femoral. Na maioria das vezes a lesão se dá na junção musculotendínea.
As lesões agudas geralmente ocorrem secundárias a contrações ou estiramentos musculares violentos e clinicamente se apresentam com dor local de instalação abrupta que aumenta com atividade física acompanhada de edema e equimoses.
As tendinites resultam de lesões crônicas associadas a sobrecarga de solicitação muscular, apresentando-se com um quadro de dor com início insidioso e aumentando gradativamente pela crescente intolerância à atividade física.
Exame físico
Pode revelar edema e ou equimoses associado a sensibilidade e crepitação local.
Tanto em lesões agudas como crônicas se notam dor e perda de flexibilidade durante extensão passiva e dor e fraqueza muscular durante contração de músculo lesado contra resistência.

Diagnóstico
Depende do músculo ou tendão afetado, que podem ser identificados baseado no local anatômico da dor associado a manobras musculares específicos.
- Rx: quando existe avulsão óssea.
- US: em casos duvidosos podem demonstrar o músculo ou o tendão danificado.
Tratamento

Consiste, inicialmente, em repouso, aplicação de gelo, compressão e afastamento da atividade dolorosa. Muletas podem ser úteis se há dor significante durante a deambulação.
Com a melhora clínica se inicia exercícios de alongamento suave que não causem dor associada ao uso de contraste. Progressivamente, introduz-se exercícios de fortalecimento e resistência e o retorno gradual as atividades esportivas normais.
Como a maioria destas lesões ocorrem na junção musculotendínea, o tratamento cirúrgico geralmente não é recomendado, até mesmo para rupturas completas, pois o tecido muscular não é favorável a reparos cirúrgicos.
SÍNDROME DO TRATO ILIOTIBIAL

O paciente pode sentir dor ao longo da face lateral do quadril e um estalo quando o trato ileotibial passa pelo trocanter maior com a flexão e extensão.
Diagnóstico
É feito através do teste de Ober.

Diagnóstico diferencial

Dor referida de outros órgãos, como os órgãos sexuais, trato intestinal, urinário, compressões radiculares da coluna ou alterações vasculares, ocasionalmente causar dor no quadril. Lesões articulares, como osteoartrite, artropatias inflamatórias e infecciosas, necrose asséptica.

TENDINITES DE MÃOS E PUNHOS



As tenossinovites são freqüentes nas mãos e nos punhos, podendo apresentar diversas causas: idiopática, artrite reumatóide, artrite psoriática, doença de Reiter, hemocromatose, ocronose; doenças congênitas, xantomatoses; beta-hiperlipoproteinemia familiar; sarcoidose, síndrome parancoplásica; mixedema (hipotitoidismo); tumor de células gigantes; tenossinovite pigmentada vilonodular; infecções (gonococos, micobactérias, esporotricose); trauma direto e cristais.

TENOSSINOVITE DE DE QUERVAIN
Etiologia

Resulta da fricção repetitiva entre os tendões do abdutor longo e do extensor curto do polegar com suas bainhas tenossinoviais, decorrentes do excesso de movimentos do punho, tanto em desvio ulnar e radial como em flexão e extensão. Ocorre espessamento da bainha tendinosa dos músculos envolvidos, resultando em estenose e edema local. É a tendinite de punho mais freqüente em atletas e pode ocorrer com freqüência em atividades ocupacionais repetitivas, bem como na artrite reumatóide, artrite psoriática (e outras doenças inflamatórias sinoviais), trauma agudo e ocorrer na gravidez e no período pós-parto.
Quadro clínico
Os pacientes se queixam de dor em região próxima ao processo estilóide radial as manobras de pinçamento e a movimentos do punho. A presença do sinal de Finkelstein e clássica (desvio ulnar do punho com polegar flexionado reproduzindo a dor).

Tratamento
O tratamento depende do estágio da doença. Casos agudos respondem bem ao repouso através do uso de órteses associados à infiltração local de corticosteróides. Nos casos recorrentes pode se proceder a uma segunda ou terceira infiltração. Na ausência de melhora ou em lesões em estágios avançados, com presença de fibrose local, geralmente, são tratados cirurgicamente. O tratamento cirúrgico consiste na liberação do tendão através de incisão em sua bainha estenosante.
TENOSSINOVITE DIGITAL ESTENOSANTE
Etiologia
Também conhecida como "dedo em gatilho", é a lesão do esforço repetitivo mais comum da mão e se caracteriza por inflamação da bainha tendínea dos flexores dos dedos, particularmente do polegar, do terceiro e quarto dígitos (em ordem decrescente), e que resulta em fibrose e constrição localizada na primeira polia anelar, próxima à articulação metacarpofalangeana. Um nódulo tendíneo pode desenvolver-se no local da estenose. 
Suas causas mais comuns são: atividades repetitivas que exijam força de preensão, diabetes, amiloidose, hipotiroidismo, sarcoidose, artrite reumatóide e psoriática, tenossinovite vilonodular pigmentada e infecções. Atletas podem evoluir com inflamação aguda e dedo em gatilho resultante da pressão direta de raquetes ou bastões sobre estes tendões.
Quadro clínico
Dor na face flexora dos dedos associada a um bloqueio do dedo em flexão, que pode ser revertida, na maioria das vezes, por uma extensão passiva.
Tratamento
Repouso através do emprego de órteses, medicações antiinflamatórias e infiltração local. Nos casos refratários é indicada a liberação cirúrgica da primeira polia.

CONTRATURA DE DUPUYTREN
É caracterizada por espessamento nodular e posterior contração da fáscia palmar, ocasionando flexão do dedo na articulação metacarpofalangeana. Os dígitos mais afetados são, em ordem decrescente, quarto, quinto, terceiro e segundo quirodáctilos. Nódulos fibróticos na fáscia palmar são as anormalidades mais precoces. 
A doença de Dupuytren tem predisposição familiar, sugerindo dominância autossômica e tem sido observado em associação com epilepsia, alcoolismo, diabetes, algoneurodistrofia, doença pulmonar crônica, fasciite nodular poplítea, fibromatose plantar e com a doença de Peyronie.
OUTRAS TENDINITES DOS PUNHOS E MÃOS
- Tendinite do músculo extensor ulnar do carpo: É observada freqüentemente em jogos esportivos de raquete que requerem movimento de repetição do punho. Clinicamente, os atletas apresentam sensibilidade e dor ao longo do sexto compartimento dorsal.
- Tendinite do flexor radial do carpo: Relacionado ao excesso de movimentação do punho observado em jogadores de raquete e golfistas ou secundária a processos inflamatórios da articulação trapézio-escafóide. Clinicamente há sensibilidade na inserção deste tendão associado a dor em seu trajeto durante a flexão do punho contra-resistência.

- Lesões do flexor ulnar do carpo: Também observada com freqüência em jogadores de raquete. Geralmente o atleta reclama de dor na porção ulnar do punho e apresenta sensibilidade ao longo do trajeto do flexor ulnar do carpo.
Como as demais tendinites, estas respondem bem inicialmente ao repouso com órteses, emprego de antiinflamatórios não hormonais ou injeções locais de corticosteróides. Os casos refratários podem ser tratados cirurgicamente.