O Túnel do carpo consiste
em um canal formado por pequenos ossos situados no punho e um ligamento
transverso, que compõe o teto do túnel. Por esse canal, passam o nervo mediano
e nove tendões responsáveis pela flexão dos dedos.
O nervo mediano vem
do antebraço e passa para a mão através desse canal estreito, enerva o polegar,
as duas faces do indicador e do dedo médio e a face interna do quarto dedo.
A síndrome do túnel
do carpo (STC) refere-se a uma neuropatia resultante da compressão do nervo mediano
no canal do carpo. Tal canal tem aproximadamente 3 cm de largura e continua
proximalmente com a fáscia antebraquial. O ligamento anular do carpo delimita o
túnel na região ventral e os ossos o delimitam na região dorsal. Essas
características anatômicas fazem dele um túnel rígido e qualquer aumento de
pressão em seu interior comprime o nervo mediano contra o ligamento transverso,
gerando a STC.
A STC é uma doença
muito comum entre mulheres na faixa de 35 a 60 anos.
A causa mais comum é inflamação
crônica inespecífica dos tendões flexores dos dedos, que passam juntamente com
o nervo na região do punho. Existem, contudo, várias doenças ou situações que
predispõem o aparecimento da STC, como por exemplo: problemas de tiróide,
amiloidose, diabetes, fraturas recentes ou antigas na região do punho, algumas
formas de reumatismo como artrite reumatóide e gravidez. pessoas com índice de
massa corporal mais elevado (obesas) e punho com tendência ao formato quadrado;
algumas atividades profissionais que envolvem flexão
contínua dos dedos podem desencadear sintomas de compressão do nervo.
Os diabéticos são mais suscetíveis a desenvolver a
síndrome não só por causa da alteração do tecido sinovial, mas também porque o
nervo mediano apresenta alterações secundárias decorrentes da glicemia elevada.
Os sintomas
caracterizam-se por dormência e formigamento nas mãos, principalmente nas
extremidades dos dedos indicador, médio e anular; em quase 2/3 dos casos é
bilateral. A sensação de formigamento se manifesta mais à noite por causa da
retenção de líquido comum nesse período. Depois disso, a deterioração da
sensibilidade dificulta manipular estruturas pequenas e executar tarefas
simples. Algumas vezes pode surgir dor em todo membro superior; também são
frequentes as sensações de choques em determinadas posições da mão como segurar
um objeto com força, segurar volante do carro ou descascar frutas e legumes.
O diagnóstico da STC pode-se
recorrer aos exames de imagem, um dos principais exames por imagem utilizados é
o ultra-som, que possui baixo custo para sua realização, sendo rápido, dinâmico
e com resposta em tempo real. Já a ressonância magnética, apesar do elevado
custo, proporciona mais dados diagnósticos e anatômicos, com diversos planos de
imagem. Tanto a ressonância magnética como o ultra-som podem mostrar doenças do
túnel do carpo em pacientes com STC de forma mais definida do que os demais
métodos de imagem. Contudo, o diagnóstico de STC é eminentemente clínico, sendo
o exame complementar de imagem.
Existem dois testes que ajudam a
estabelecer o diagnóstico clínico: o teste de Phalen e o teste de Tinel. O
primeiro consiste em dobrar o punho do paciente e mantê-lo fletido durante um
minuto. Como nessa posição aumenta a pressão intracarpeana de quatro a cinco
vezes, se houver compressão do nervo, os sintomas pioram na área enervada. O
outro teste, que não é tão específico quanto o de Phalen, consiste em percutir
o nervo mediano, o que provoca sensação de choque e formigamento se ele estiver
comprometido.
Embora o diagnóstico seja basicamente clínico, podemos recorrer a um exame complementar, a eletroneuromiografia, para esclarecer alguns casos. Nesse exame os nervos do antebraço, punho e dedos são estimulados por choques de pequena intensidade sendo o resultado medido na tela do aparelho.
O tratamento deve
levar em conta o grau de comprometimento da doença: leve, moderado e grave. Se
for leve, indica-se a colocação de uma órtese, isto é, de um aparelho que
mantém o punho em posição de extensão e associar o uso de um antiinflamatório
não hormonal por boca. Jamais o punho deve ser enfaixado, pois pode piorar
a compressão.
É importante que as pessoas se adaptem ao ambiente de
trabalho para reduzir movimentos inadequados e repousar nas atividades desencadeantes
ao aumento da sintomatologia. Um plano fisioterapêutico deve ser seguido se
houver uma restrição da mobilidade articular. O tratamento de fortalecimento deve
ser iniciado com exercícios isométricos suaves e dinâmicos para aumentar a
resistência à fadiga nos músculos estabilizadores, preparando o paciente para o
retorno às atividades funcionais.
FISIOTERAPIA
1ª Fase (após a cirurgia): os pacientes são
orientados a elevar o membro acima do coração, associando com exercícios de
flexão e extensão de dedos.
2ª Fase (após a retirada da imobilização e dos
pontos cirúrgicos): enfatiza-se a mobilização ativa para aliviar a dor, reduzir
o edema e ganhar ADM; o ultra-som no modo pulsado; TENS; crioterapia; massagem;
exercícios ativos para ganho no ADM de punho; exercício de deslizamento diferencial
dos tendões flexores e exercícios de deslizamento neural.
3ª Fase (retorno nas atividades): exercícios de alongamento
dos flexores de dedos e punho e exercícios com resistência progressivamente com
pesos livres para o membro.
Inicialmente a fisioterapia tem como objetivos reparar
tecidos, promover analgesia e cicatrização.
· Ultra-som no modo contínuo: permite um aumento da velocidade de condução
do nervo sensorial e motor, a extensibilidade das estruturas ricas em colágeno,
a deposição de colágeno e o fluxo sangüíneo no local da lesão.
· TENS: é eficiente tanto na dessensibilização do SNC, como nas fibras nociceptivas.
· Massoterapia: promove analgesia e relaxamento muscular, além de aumentar
o fluxo sangüíneo, a mobilidade e flexibilidade articular.
· Crioterapia: promove a retirada de calor local, diminui o quadro álgico,
além de ação antiinflamatória e relaxante muscular.
Nos casos em que o
tratamento por imobilização falha ou naqueles nos quais o exame
eletroneuromiográfico revela compressão mais grave do nervo devem ser
submetidos à cirurgia. O objetivo da cirurgia é abrir o canal por onde o nervo
passa, resolvendo o problema definitivamente na maioria dos casos. Quando o
nervo fica comprimido muito tempo pode haver atrofia definitiva com pouca
recuperação mesmo após a cirurgia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário