Segundo Cynthia
Norkin (1993) “a marcha é uma atividade complexa que envolve o sistema nervoso
central e periférico e o sistema musculoesquelético.”
Os mecanismos básicos
do processo de análise da marcha são: a cinemática, a cinética, o controle motor,
a normalidade e a marcha patológica.
A Cinemática consiste
no estudo de parâmetros têmporo-espaciais da marcha (como velocidade, ângulos
articulares durante o movimento etc.). Já a cinética é o estudo das forças envolvidas
com o movimento.
A Cinemática Linear
permite analisar o comprimento e a largura dos passos e passada, a cadência e
velocidade da marcha. Já a Cinemática Angular descreve o movimento angular que
ocorre durante a marcha.
Movimentos angulares
no plano sagital: flexão-extensão; no plano frontal: abdução e adução; e no plano
transverso: rotação.
O ciclo de marcha consiste
no período entre o toque de calcanhar de um pé até o próximo toque de calcanhar
do mesmo pé, ou seja, na passada, e no período entre o toque de calcanhar de um
pé e o próximo toque de calcanhar do outro pé, ou seja, no passo. Logo, uma passada
contém dois passos.
O ciclo de marcha é
dividido em fases para sistematizar seu estudo:
Fase de Apoio: permite
progressão enquanto mantém a estabilidade de sustentação do peso do corpo.
• contato inicial
• resposta de carga
• apoio médio
• apoio terminal
• desprendimento
Fase de balanço: tem
por características o levantamento do pé do solo, o avanço do membro no espaço
e a preparação para o próximo apoio.
• balanço inicial
• balanço médio
• balanço final
Contato inicial
- o tornozelo encontra-se em
posição neutra, na resposta à carga, o tornozelo faz uma flexão plantar de 7°,
daí em diante ele começa a fazer uma dorsiflexão que chega a 15°.
- o quadril é flexionado em
aproximadamente 30°, é rodado externamente 5° e é neutro em relação à
abdução-adução.
Apoio Terminal
- o tornozelo faz flexão
plantar de 15°.
- o quadril estende-se até
alcançar 10° de extensão.
Pré-oscilação
- o quadril flexiona-se em
35° e em seguida começa a estender-se antes do próximo contato inicial.
Médio apoio
- o quadril alcança uma
abdução de 5°.
O joelho incialmente está
estendido, flexionando-se gradualmente, em seguida até sua flexão máxima da
fase de sustentação em 20° na fase de médio apoio, quando volta a se estender,
e então volta a flexionar-se em 40° durante a pré-oscilação. Ao iniciar o
balanço, o joelho continua a se flexionar até 60-70° no balanço médio, voltando
a se estender na preparação do próximo apoio.
O
fisioterapeuta deve avaliar a cinemática das articulações dos membros
inferiores durante a marcha a fim de avaliar possíveis alterações mecânicas que
podem estar relacionadas a disfunções ortopédicas.
- A pronação da subtalar ocorre juntamente com a
rotação interna da perna, e a supinação ocorre com a rotação externa da perna.
- A
flexão do joelho logo após o choque de calcanhar ajuda a amortecer o impacto.
Ações musculares:
- Contato inicial:
dorsiflexores do tornozelo, quadríceps, eretores da coluna, flexores e adutores
do quadril, glúteo máximo e posteriores da coxa.
- Resposta à carga: tibiais,
flexor do hálux e dos dedos, glúteo máximo e posteriores da coxa, quadríceps,
gastrocnêmios, eretores da coluna
- Apoio médio: glúteo médio,
intrínsecos do pé e flexores plantares, iliopsoas, quadríceps, gastrocnêmios.
- Apoio terminal: flexores
plantares e intrínsecos do pé, tríceps sural e isquiotibiais.
- Pré-balanço: flexores
plantares e intrínsecos do pé, flexor longo do hálux, iliopsoas e adutores de
quadril.
- Balanço inicial:
dorsiflexores de tornozelo, flexores de quadril, glúteo médio.
- Balanço médio: dorsiflexores
de tornozelo, glúteo médio e quadrado lombar.
- Balanço terminal: dorsiflexores
de tornozelo, quadríceps e glúteo máximo.
Entre 1 e 3 anos de idade o modelo de locomoção é a marcha
acelerada, pois a criança busca o centro de gravidade do corpo. Após os 3 anos
adquire-se o padrão maduro de marcha.
O comprimento do passo aumenta conforme o crescimento
musculoesquelético, a base de apoio vai se adequando com o crescimento. Nos
primeiros meses de marcha o joelho estará sempre fletido, pois o centro de
gravidade mais baixo proporciona maior estabilidade.
Nos idosos há uma diminuição do comprimento do passo e um
aumento do tempo de duplo apoio.
Marchas anormais:
Marchas anormais:
- em bloco, festinante: Parkinson
- ebriosa: ataxia cerebelar
- tanolante: ataxia sensitiva
- escarvante: lesão no nervo fibular ou ciático ou raiz de L5
- ceifante: espástica, hipertonia dos músculos extensores, síndrome
piramidal
- em tesoura: hipertonia bilateral de adutores
Marchas Patológicas: https://www.youtube.com/playlist?list=PLB3D3067F13CED7AF
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