quarta-feira, 21 de maio de 2014

HIDROTERAPIA

Consiste no uso da água para fins terapêuticos. Para tanto, deve ser realizada em piscina adaptada, de fácil acesso e com temperatura aquecida (28-30°), permitindo melhores adaptações do corpo do paciente.

Para entender os efeitos fisiológicos da água é necessário saber dos seus princípios físicos.

PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA
Densidade relativa

 É definida como massa por unidade de volume e é caracterizada pela fórmula: p = m/V, onde p é a densidade, m é a massa e V é o volume..

A densidade do corpo é ligeiramente menor do que a da água, pois o corpo humano é constituído principalmente de água, por isso flutua.
Os homens têm, em média, uma densidade mais alta do que as mulheres.

Força de empuxo ou de flutuação

 É a força de sentido oposto ao da gravidade.

Segundo o princípio de Arquimedes, um corpo submerso experimenta um impulso para cima igual ao peso do mesmo volume de líquido que desloca. Logo, os indivíduos na piscina experimentam um força ascendente – flutuabilidade – relacionada com a profundidade da água e a gravidade específica – densidade.
Com 5% da estrutura corporal acima da água, o corpo humano flutua. Com imersão até o processo xifoide, é descarregado em torno de 75% do peso corporal, e com a imersão até a cicatriz umbilical, em torno de 50%.

Essa propriedade é utilizada como resistência ao movimento, sobrecarga natural, estímulo à circulação periférica, fortalecimento da musculatura respiratória, facilitação do retorno venoso e participante do efeito massageador da água;

Tensão superficial

 Atua como resistência ao movimento.

Pressão hidrostática

 A água exerce pressão no objeto nela imerso. Se o objeto estiver em repouso, a pressão exercida em todos os planos será igual. Se o objeto estiver em movimento e a água também, ver-se-à a pressão reduzida bem como o empuxo, provocando certo afundamento que, se controlado, é parcial.

Segundo a lei de Pascal, cada tipo de massa recebe e transmite uma pressão determinada, dependendo da profundidade de imersão. Quanto maior a profundidade em que o corpo de encontra, maior será a pressão exercida sobre ele.

A pressão hidrostática possui efeitos terapêuticos, promovendo aumento do débito cardíaco, aumento da pressão pleural e aumento da diurese;

Impacto

Os exercícios aquáticos são executados em baixa velocidade, diminuindo o impacto, o que faz diminuir também os problemas advindos de tal formação, quando em solo.

EFEITOS FISIOLÓGICOS DA ÁGUA AQUECIDA

 ·         Sistema termorregulador: a manutenção do calor da água durante a terapia diminui a sensibilidade da fibra nervosa com rapidez (tato) e a exposição prolongada diminui a dor, através da sensibilidade da fibra nervosa lenta). Então, na temperatura de 33°C e 36,5°C haverá: dilatação dos vasos sangüíneos, aumentando o suprimento sangüíneo periférico e elevando a temperatura muscular, aumentando o metabolismo da pele e dos músculos e, conseqüentemente, o metabolismo geral e a freqüência respiratória; O aumento da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas à medida que a temperatura interna elevar-se;
 
·         Sistema cardiorrespiratório: melhora da capacidade aeróbica e nas trocas gasosas; reeducação respiratória; aumento no consumo de energia; auxílio no retorno venoso; melhoria da irrigação sangüínea, resultando na estabilidade da pressão arterial e no retardo do aparecimento de varizes;
 
·         Sistema nervoso: reduz a sensibilidade das terminações sensitivas e, à medida que os músculos são aquecidos pelo sangue que os atravessa, seu tônus diminui levando ao relaxamento muscular;
 
·         Sistema renal: há aumento dos fluidos corporais, levando ao aumento da diurese profunda. Isso porque o sangue, ao ser bem distribuído, melhora a circulação venosa e, conseqüentemente, a resposta renal e o estímulo ao processo de micção, devendo-se tomar cuidado com pacientes com incontinência;
 
·         Sistema imunológico: promove o aumento do número de leucócitos, além da melhora das condições tróficas;
 
·         Sistema músculo-esquelético: reduz o espasmo muscular e as dores; diminui a fadiga muscular; melhora da performance geral; melhora o condicionamento físico; auxilia o alongamento muscular; aumenta ou mantém as ADMs; melhora a resistência e a força muscular.

De uma forma geral, a hidroterapia: estimula o sistema circulatório, melhora a amplitude das articulações; fortalece os músculos; diminui a dor; melhora a consciência e controle corporal; melhora o equilíbrio e a coordenação motora; promove o relaxamento muscular; aumenta a autoconfiança do paciente; diminui os distúrbios do sono e a ansiedade; melhora a respiração, proporcionando mais resultados nas atividades de vida diária.

A PISCINA

A temperatura ideal para a piscina maior oscila entre 27º e 29ºC e para a menor entre 33º e 34ºC.

A rampa que dá acesso à cadeira de rodas é necessária, assim como escadas internas com os degraus baixos e corrimões bilaterais para a segurança do usuário.

Os corrimões também são colocados ao longo das áreas delimitadas pela parede da piscina.

Os tipos de elevadores são: hidráulico, elétrico, mecânico e pneumático e podem ser utilizados para facilitar o acesso do paciente à piscina.

A profundidade da piscina varia entre 1,05 m e 1,35 m.

O piso ao redor da piscina ou deque é construído de material antiderrapante.
 
 MÉTODOS


O uso da hidroterapia como forma terapêutica data de muitos anos a.C. No Brasil, ela teve seu início na Santa Casa do Rio de Janeiro, com banhos de água doce e salgada.

Os principais métodos utilizados em tratamentos são: Bad Ragaz, Watsu e Halliwick.

 Bad Ragaz

 A técnica original do método “Bad Ragaz” foi desenvolvida em 1957 pelo Dr. Knupfer. A proposta inicial dessa técnica foi a de promover a estabilização do tronco e extremidades, e trabalhar com exercícios resistidos. Primeiramente os exercícios foram executados num plano horizontal, onde o paciente utilizava flutuadores (anéis) no pescoço, quadril e tornozelos para auxiliar na flutuação, e por isso a técnica ficou conhecida como “método dos anéis”.

 Em 1970 as técnicas do “Bad Ragaz” foram publicadas por Beatrice Egger que desenvolveu a técnica de facilitação proprioceptiva neuromuscular, aplicada por Bridget Davis.

 As técnicas modernas do Bad Ragaz incorporaram as de movimento com planos diretos e padrões diagonais com resistência e estabilização realizadas pelos fisioterapeutas. Foram utilizados exercícios com o paciente posicionado horizontalmente, com auxílio de flutuadores, ou estabilizado na borda da piscina.

Os objetivos terapêuticos incluem redução de tônus muscular, pré-treinamento de marcha, estabilização de tronco, fortalecimento muscular e melhora da amplitude articular.
 
https://www.youtube.com/watch?v=XxubR9MioWs
https://www.youtube.com/watch?v=VnuLP1wBnH4

Halliwick

 Foi desenvolvido por James McMillan em 1949 em Londres.

A proposta inicial foi a de auxiliar pessoas com problemas físicos a tornarem-se mais independentes para nadar. Com o decorrer dos anos, McMillan manteve a sua proposta original e adicionou outras técnicas a esse método, tais como:

- Adaptação ambiental: envolve o reconhecimento de duas forças, gravidade e empuxo que, combinados, levam ao movimento rotacional;

- Restauração do equilíbrio: enfatiza a utilização de grandes padrões de movimento, principalmente com os braços, para mover o corpo em diferentes posturas e ao mesmo tempo, manter o equilíbrio;

- Inibição: é a capacidade de criar e manter uma posição ou postura desejada, através da inibição de padrões posturais patológicos;

- Facilitação: é a capacidade de criar um movimento que desejamos mentalmente e, controlá-lo fisicamente, por outros meios sem utilizar a flutuação. Tal aprendizado é graduado através de um “programa de dez pontos”, que utiliza a seqüência do desenvolvimento do movimento físico pelo córtex cerebral.

 Mais recentemente, essas técnicas têm sido usadas por muitos terapeutas para tratar crianças e adultos com enfermidades neurológicas.

O método Halliwick enfatiza as habilidades dos pacientes na água e não suas inabilidades.

https://www.youtube.com/watch?v=itYtv_3xb4s

Watsu

 Watsu ou “água Shiatsu” foi criado em 1980 por Harold Dull São utilizados alongamentos passivos, mobilização das articulações e relaxamento, assim como pressão em pontos de acupuntura para balancear a energia dos meridianos.

No Watsu o paciente permanece flutuando e a partir dessa postura são realizados alongamentos e rotações do tronco, que auxiliam para o relaxamento profundo, vindo por meio do suporte da água e dos movimentos rítmicos dos batimentos cardíacos.

 De acordo com Morris, Watsu pode ser descrita como uma reeducação muscular dirigida que utiliza basicamente alongamentos. Essa técnica deverá ser realizada com cautela pois se não for realizada de forma correta poderá causar danos específicos como estiramentos musculares e lesões articulares.

https://www.youtube.com/watch?v=NXdEUAcPPV4

A hidrocinesioterapia

A hidrocinesioterapia constitui um conjunto de técnicas terapêuticas fundamentadas no movimento humano.

 É a fisioterapia na água ou a prática de exercícios terapêuticos em piscinas, associada ou não aos manuseios, manipulações, hidromassagem e massoterapia, configurada em programas de tratamento específicos para cada paciente.

Uma avaliação criteriosa do paciente é realizada, acrescida de informações sobre a experiência do paciente com a água, imersão e domínio ou não de nados. Todo o programa e execução do tratamento são personalizados, específicos para cada paciente

INDICAÇÕES DA HIDROTERAPIA

 Os efeitos terapêuticos gerais são:

1. Alívio de dor;

2. Alívio do espasmo muscular;

3. Relaxamento;

4. Aumento da circulação sangüínea;

5. Melhora das condições da pele;

6. Manutenção e/ou aumento das amplitudes de movimento (ADMs);

7. Reeducação dos músculos paralisados;

8. Melhora da força muscular (desenvolvimento de força e resistência muscular);

9. Melhora da atividade funcional da marcha;

10. Melhora das condições psicológicas do paciente; e

11. Máxima independência funcional

 
CONTRA-INDICAÇÕES

 Absolutas:

 · Feridas infectadas,

· infecções de pele e gastrointestinais,

· sintomas agudos de trombose venosa profunda,

· doença sistêmica,

· tratamento radioterápico,

· processos micóticos e fúngicos graves,

· processos infecciosos e inflamatórios agudos da região

· da face e pescoço.

 Gerais:

 • Febre;

• Ferida aberta;

• Erupção cutânea contagiosa;

• Doença infecciosa;

• Doença cardiovascular grave;

• História de convulsões não controladas;

• Uso de bolsa ou cateter de colostomia;

• Menstruação sem proteção interna;

• Tubos de traqueostomia, gastrostomia e/ou nasogástricos;

• Controle orofacial diminuído;

• Hipotensão ou hipertensão grave;

• Resistência gravemente limitada.

terça-feira, 20 de maio de 2014

ANÁLISE DA MARCHA

A Análise da marcha é importante para o estudo e tratamento de patologias que envolvem o aparelho locomotor.

Segundo Cynthia Norkin (1993) “a marcha é uma atividade complexa que envolve o sistema nervoso central e periférico e o sistema musculoesquelético.”

Os mecanismos básicos do processo de análise da marcha são: a cinemática, a cinética, o controle motor, a normalidade e a marcha patológica.

A Cinemática consiste no estudo de parâmetros têmporo-espaciais da marcha (como velocidade, ângulos articulares durante o movimento etc.).  Já a cinética é o estudo das forças envolvidas com o movimento.

A Cinemática Linear permite analisar o comprimento e a largura dos passos e passada, a cadência e velocidade da marcha. Já a Cinemática Angular descreve o movimento angular que ocorre durante a marcha.

Movimentos angulares no plano sagital: flexão-extensão; no plano frontal: abdução e adução; e no plano transverso: rotação.

O ciclo de marcha consiste no período entre o toque de calcanhar de um pé até o próximo toque de calcanhar do mesmo pé, ou seja, na passada, e no período entre o toque de calcanhar de um pé e o próximo toque de calcanhar do outro pé, ou seja, no passo. Logo, uma passada contém dois passos.

O ciclo de marcha é dividido em fases para sistematizar seu estudo:

Fase de Apoio: permite progressão enquanto mantém a estabilidade de sustentação do peso do corpo.

• contato inicial

• resposta de carga

• apoio médio

• apoio terminal

• desprendimento


Fase de balanço: tem por características o levantamento do pé do solo, o avanço do membro no espaço e a preparação para o próximo apoio.

• balanço inicial

• balanço médio

• balanço final

Contato inicial

- o tornozelo encontra-se em posição neutra, na resposta à carga, o tornozelo faz uma flexão plantar de 7°, daí em diante ele começa a fazer uma dorsiflexão que chega a 15°.

- o quadril é flexionado em aproximadamente 30°, é rodado externamente 5° e é neutro em relação à abdução-adução.

Apoio Terminal

- o tornozelo faz flexão plantar de 15°.

- o quadril estende-se até alcançar 10° de extensão.

Pré-oscilação

- o quadril flexiona-se em 35° e em seguida começa a estender-se antes do próximo contato inicial.

Médio apoio

- o quadril alcança uma abdução de 5°.

O joelho incialmente está estendido, flexionando-se gradualmente, em seguida até sua flexão máxima da fase de sustentação em 20° na fase de médio apoio, quando volta a se estender, e então volta a flexionar-se em 40° durante a pré-oscilação. Ao iniciar o balanço, o joelho continua a se flexionar até 60-70° no balanço médio, voltando a se estender na preparação do próximo apoio.

 
O fisioterapeuta deve avaliar a cinemática das articulações dos membros inferiores durante a marcha a fim de avaliar possíveis alterações mecânicas que podem estar relacionadas a disfunções ortopédicas.
 - Logo após a fase de contato do calcanhar, a articulação subtalar realiza uma rápida pronação.
- A pronação da subtalar ocorre juntamente com a rotação interna da perna, e a supinação ocorre com a rotação externa da perna.
- A flexão do joelho logo após o choque de calcanhar ajuda a amortecer o impacto.
Ações musculares:

- Contato inicial: dorsiflexores do tornozelo, quadríceps, eretores da coluna, flexores e adutores do quadril, glúteo máximo e posteriores da coxa.

- Resposta à carga: tibiais, flexor do hálux e dos dedos, glúteo máximo e posteriores da coxa, quadríceps, gastrocnêmios, eretores da coluna

- Apoio médio: glúteo médio, intrínsecos do pé e flexores plantares, iliopsoas, quadríceps, gastrocnêmios.

- Apoio terminal: flexores plantares e intrínsecos do pé, tríceps sural e isquiotibiais.

- Pré-balanço: flexores plantares e intrínsecos do pé, flexor longo do hálux, iliopsoas e adutores de quadril.

- Balanço inicial: dorsiflexores de tornozelo, flexores de quadril, glúteo médio.

- Balanço médio: dorsiflexores de tornozelo, glúteo médio e quadrado lombar.

- Balanço terminal: dorsiflexores de tornozelo, quadríceps e glúteo máximo.

Entre 1 e 3 anos de idade o modelo de locomoção é a marcha acelerada, pois a criança busca o centro de gravidade do corpo. Após os 3 anos adquire-se o padrão maduro de marcha.

O comprimento do passo aumenta conforme o crescimento musculoesquelético, a base de apoio vai se adequando com o crescimento. Nos primeiros meses de marcha o joelho estará sempre fletido, pois o centro de gravidade mais baixo proporciona maior estabilidade.

Nos idosos há uma diminuição do comprimento do passo e um aumento do tempo de duplo apoio.


 
Marchas anormais:

- em bloco, festinante: Parkinson
- ebriosa: ataxia cerebelar

- tanolante: ataxia sensitiva

- escarvante: lesão no nervo fibular ou ciático ou raiz de L5

- ceifante: espástica, hipertonia dos músculos extensores, síndrome piramidal

- em tesoura: hipertonia bilateral de adutores


Marchas Patológicas: https://www.youtube.com/playlist?list=PLB3D3067F13CED7AF


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA

Conhecido como "Estratégia da Saúde da Família"

Teve início, em 1994 como um dos programas propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a atenção primária.

A família passa a ser o objeto de atenção.

O programa inclui ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes.

No Brasil a origem do PSF remonta criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em 1991, como parte do processo de reforma do setor da saúde, desde a Constituição, com intenção de aumentar a acessibilidade ao sistema de saúde e incrementar as ações de prevenção e promoção da saúde.

Em 1994 o Ministério da Saúde, lançou o PSF como política nacional de atenção básica, com caráter organizativo e substitutivo, fazendo frente ao modelo tradicional de assistência primária baseada em profissionais médicos especialistas focais.


Em 2006 o governo emitiu a Portaria Nº 648 onde ficava estabelecido que o PSF é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção Básica.

Em 2011 a portaria GM Nº2.488/2011 revogou a portaria GM Nº 648/2006 e demais disposições em contrário ao estabelecer a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica e aprovar a Política Nacional de Atenção Básica para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e para o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS).

Características e composição

A SF é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em UBS. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de pessoas (2.400 a 4.000), localizadas em uma área geográfica delimitada.

De acordo com a Portaria Nº 2488/2011 são características do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica:


·         Definição do território de atuação e de população sob responsabilidade das UBS e das equipes;

·         Programação e implementação das atividades de atenção à saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde segundo critérios de freqüência, risco, vulnerabilidade e resiliência.

·         Desenvolver ações que priorizem os grupos de risco e os fatores de risco clínico-comportamentais, alimentares e/ou ambientais, com a finalidade de prevenir o aparecimento ou a persistência de doenças e danos evitáveis;

·         Realizar o acolhimento com escuta qualificada, classificação de risco, avaliação de necessidade de saúde e análise de vulnerabilidade;

·         Realizar atenção à saúde na UBS, no domicílio, em locais do território e outros espaços que comportem a ação planejada;

·         Desenvolver ações educativas;

·         Implementar diretrizes de qualificação dos modelos de atenção e gestão;

·         Participar do planejamento local de saúde assim como do monitoramento e a avaliação das ações na sua equipe, unidade e município;

·         Desenvolver ações intersetoriais, integrando projetos e redes de apoio social;

·         Apoiar as estratégias de fortalecimento da gestão local e do controle social; e

·         Realizar atenção domiciliar destinada a usuários que possuam problemas de saúde controlados/compensados e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma UBS.

 OBJETIVOS

- Prestar, na unidade de saúde e no domicílio, assistência integral, contínua, com resolubilidade e boa qualidade às necessidades de saúde da população adscrita;

- Intervir sobre os fatores de risco aos quais a população está exposta;

- Humanizar as práticas de saúde;

 - Proporcionar o estabelecimento de parcerias através do desenvolvimento de ações intersetoriais.

 
DIRETRIZES OPERACIONAIS

Caráter substitutivo, complementariedade e hierarquização

A unidade de SF é uma unidade pública de saúde destinada a realizar atenção contínua nas especialidades básicas, com uma equipe multiprofissional habilitada para desenvolver as atividades de promoção, proteção e recuperação, características do nível primário de atenção.

 Representa o primeiro contato da população com o serviço de saúde do município, assegurando a referência e contra-referência para os diferentes níveis do sistema.

Corresponde aos estabelecimentos denominados como Centros de Saúde.

A unidade de Saúde da Família caracteriza-se como porta de entrada do sistema local de saúde.

Adscrição da clientela
A unidade de SF deve trabalhar com a definição de um território de abrangência.

Uma USF pode atuar com uma ou mais equipes de profissionais, dependendo do número de famílias a ela vinculadas. Recomenda-se que, no âmbito de abrangência da unidade básica, uma equipe seja responsável por uma área onde residam de 600 a 1.000 famílias, com o limite máximo de 4.500 habitantes.

Cadastramento

As equipes de saúde deverão realizar o cadastramento das famílias através de visitas aos domicílios.

 Nesse processo serão identificados os componentes familiares, a morbidade referida, as condições de moradia, saneamento e condições ambientais das áreas onde essas famílias estão inseridas.

A partir da análise da situação de saúde local e de seus determinantes, os profissionais e gestores possuirão os dados iniciais necessários para o efetivo planejamento das ações a serem desenvolvidas.

Instalação das unidades de Saúde da Família

 As USF deverão ser instaladas nos postos de saúde, centros de saúde ou unidades básicas de saúde já existentes no município.

Composição das equipes

É recomendável que a equipe de uma USF seja composta, no mínimo, por 1 médico de família ou generalista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Outros profissionais de saúde poderão ser incorporados a estas unidades básicas, de acordo com as demandas e características da organização dos serviços de saúde locais.

Os profissionais das equipes de saúde serão responsáveis por sua população adscrita, devendo residir no município onde atuam, trabalhando em regime de dedicação integral.

Atribuições das equipes
- conhecer a realidade das famílias pelas quais são responsáveis, com ênfase nas suas características sociais, demográficas e epidemiológicas

- identificar os problemas de saúde prevalentes e situações de risco;

- elaborar, com a participação da comunidade, um plano local para o enfrentamento dos determinantes do processo saúde/doença;

- prestar assistência integral;

- resolver, através da adequada utilização do sistema de referência e contra-referência, os principais problemas detectados;

- desenvolver processos educativos para a saúde;

- promover ações intersetoriais para o enfrentamento dos problemas identificados.

 A base de atuação das equipes são as UBS, incluindo as atividades de: visita domiciliar; internação domiciliar e a participação em grupos comunitários.

Abordagem multiprofissional

O atendimento no PSF deve ser sempre realizado por uma equipe multiprofissional.

Referência e contra-referência

Em conformidade com o princípio da integralidade, o atendimento no PSF deve, em situações específicas, indicar o encaminhamento do paciente para níveis de maior complexidade.

 Compete ao serviço municipal de saúde definir, no âmbito municipal ou regional, os serviços disponíveis para a realização de consultas especializadas, serviços de apoio diagnóstico e internações hospitalares. A responsabilidade pelo acompanhamento dos indivíduos e famílias deve ser mantida em todo o processo de referência e contrareferência.

Educação continuada

 Para que produza resultados satisfatórios, a ESF necessita de um processo de capacitação e informação contínuo e eficaz, de modo a poder atender às necessidades trazidas pelo dinamismo dos problemas.

Estímulo à ação intersetorial

Saneamento, educação, habitação, segurança e meio ambiente são algumas das áreas que devem estar integradas às ações do PSF, sempre que possíveis.

Acompanhamento e avaliação

A avaliação, assim como todas as etapas do PSF, deve considerar a realidade e as necessidades locais, a participação popular e o caráter dinâmico e perfectível da proposta.

O resultado das avaliações não deve ser considerado como um dado exclusivamente técnico, mas sim como uma informação de interesse de todos (gestores, profissionais e população ). Por isso, devem ser

desenvolvidas formas de ampliação da divulgação e discussão dos dados obtidos no processo de avaliação. É importante ressaltar que os instrumentos utilizados para a avaliação devem ser capazes de aferir:

- alterações efetivas do modelo assistencial

- satisfação do usuário

- satisfação dos profissionais

- qualidade do atendimento/desempenho da equipe

- impacto nos indicadores de saúde
Controle social

 O controle social do sistema de saúde é um princípio e uma garantia constitucional regulamentada pela Lei Orgânica de Saúde (Lei nº 8.142/90).

A Lei nº 8.142/90 definiu alguns fóruns próprios para o exercício do controle social - as conferências e os conselhos de saúde -, a serem efetivados nas três esferas de governo. Porém, a participação da população não se restringe apenas a esses. Através de outras instâncias formais (como Câmaras de Vereadores e Associação de Moradores) e informais, os profissionais de saúde devem facilitar e estimular a população a exercer o seu direito de participar da definição, execução, acompanhamento e fiscalização das políticas públicas do setor.

Nível nacional

O gerenciamento e a organização da estratégia do PSF compete à Coordenação de Saúde da Comunidade - COSAC, a qual está subordinada à Secretaria de Assistência à Saúde – SAS.

Nível estadual

 Compete às Secretarias Estaduais de Saúde definir, em sua estrutura organizacional, qual setor terá a responsabilidade de articular a estratégia de Saúde da Família, cabendo-lhe o papel de interlocutor com o Ministério da Saúde e municípios.

Nível municipal

 Como espaço de execução da estratégia de Saúde da Família, esse nível define a melhor adequação dos meios e condições operacionais.

ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DO PSF

A implantação da estratégia de Saúde da Família é operacionalizada no município, com a co-participação do nível estadual

 Sensibilização e divulgação

Considerada como a 1ª etapa de discussão dos princípios e diretrizes da estratégia de SF e suas bases operacionais, visa disseminar as ideias centrais da proposta. É fundamental que os gestores, profissionais de saúde e a população possam compreender que SF é uma proposta com grande potencial para transformar a forma de prestação da assistência básica.

O trabalho de sensibilização e divulgação envolve desde a clareza na definição do público a ser atingido até a mensagem a ser veiculada.

Adesão

a) Município

Estar habilitado em alguma condição de gestão (NOB/93 ou NOB/96) é critério básico para a implantação da estratégia de Saúde da Família.

O município que decide optar pelo PSF deve elaborar projeto para implantação da(s) equipe(s) nas UBS sempre observando os elementos fundamentais do modelo de Saúde da Família.

Esse projeto deve ser posteriormente submetido à apreciação do Conselho Municipal de Saúde; sendo aprovado, deve ser encaminhado pelo gestor municipal à Secretaria de Estado da Saúde, que irá analisá-lo e submetê-lo à apreciação e aprovação da Comissão Intergestores Bipartite.

Considerado apto nesse nível, será realizado o cadastramento das USF, segundo regulamentação da Norma Operacional Básica em vigência.

b) Estado

A Secretaria de Estado da Saúde submete sua proposta de adoção da estratégia de Saúde da Família à apreciação e aprovação da Comissão Intergestores Bipartite.

Cabe à instância de gestão estadual assumir a co-responsabilidade pela implantação da estratégia de Saúde da Família, bem como o processo de capacitação e educação continuada dos profissionais envolvidos.

Recrutamento, seleção e contratação de recursos humanos

 A partir da definição da composição de suas equipes, o município deve planejar e executar o processo de recrutamento e seleção dos profissionais, contando com a assessoria da Secretaria de Estado e ou instituição de formação de recursos humanos.

Treinamento introdutório

O período introdutório do processo de capacitação deve prever a integração das equipes e a compreensão do objeto de trabalho dos profissionais.

Nessa etapa, devem ser trabalhados os aspectos gerais das atividades a serem desenvolvidas pelas equipes e o conteúdo programático deve estar adaptado às necessidades locais, tanto dos serviços quanto da característica de formação dos profissionais e do perfil epidemiológico da região. Estima-se que duas semanas representem um período suficiente para o desenvolvimento desse trabalho.

Educação continuada e ou permanente

 O processo de capacitação e educação dos profissionais deve ser contínuo, atendendo às necessidades que o dinamismo dos problemas traz às equipes.

Financiamento

 O financiamento do Programa Saúde da Família está claramente definido na Norma Operacional Básica em vigor, a NOB-01/SUS/96.

 
Informações retiradas da seguinte cartilha:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd09_16.pdf