O trauma crânio-encefálico refere-se a
qualquer agressão que acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do
couro cabeludo, crânio, meninges ou encéfalo.
Ocorre mais em homens do que em mulheres com idade entre 15 e 24 anos.
Deve-se a acidentes automobilísticos, quedas, violência, esporte ou abuso
infantil.
A lesão pode ocorrer por golpes diretos (lesões por golpe ou lesões por
contra-golpe), por objetos perfurantes, ou por lesões na cabeça e pescoço.
A lesão pode ser primária ou secundária. A lesão primária é decorrente da
ação da força agressora (aceleração, desaceleração, forças rotacionais, objetos
perfurantes), resultando na laceração do tecido, compressão, tensão, cisalhamento
ou uma combinação. Logo, poderão ocorrer fraturas, contusões e lacerações do
cérebro ou lesão axonal difusa (LAD). A lesão secundária é decorrente logo ou
após um certo período do trauma e resulta de aumento da PIC, hipóxia cerebral
ou isquemia, hemorragia intracraniana, desequilíbrio eletrolítico e ácido-base,
infecção secundária a feridas abertas ou convulsões.
O paciente poderá
apresentar alterações:
- No SNA: taxa e
regularidade dos pulsos, aumento da temperatura, pressão sanguínea, suor
excessivo, salivação e secreção sebosa.
- Motora, funcional,
sensorial e perceptiva: Decorticação x Descerebração; hemiplegia ou monoplegia;
reflexos anormais; hipo ou hipertonia; espasticidade; perda do equilíbrio e da
sensação; afasia; disartria; disfagia e dificuldades motoras visuo-espaciais e
perceptivas.
- De consciência /coma: Alerta; concussão leve; letargia; esturpor/torpor; desorientação; coma (Escala de Glasgow); morte cerebral.
- De consciência /coma: Alerta; concussão leve; letargia; esturpor/torpor; desorientação; coma (Escala de Glasgow); morte cerebral.
- Cognitivas, de
personalidade e comportamentais: distúrbios da função intelectual, memória; irritação,
raiva, atenção diminuída, perda do raciocínio, comportamentos sociais
inadequados.
Além das alterações o paciente pode
apresentar algumas complicações, tais como: úlceras de decúbito ou escaras, contraturas
e /ou deformidades, infecções, problemas pulmonares, epilepsia pós-traumática, ossificação
heterotópica ou TVP.
A avaliação clínica consiste no exame de crânio e coluna, na avaliação do
grau de consciência (ECG), na análise do tamanho e reatividade das pupilas (miose
x midríase; isocoria x anisocoria; reflexo fotomotor x consensual), na avaliação
do padrão respiratório, da motricidade oculocefálica, da atividade
músculo-esquelética.
Alguns exames complementares são solicitados, tais como: Rx, TC, RNM, EEG,
Monitorização da PIC= valores até 20mmHg.
O tratamento clínico consiste no uso de antibióticos, em cirurgias, drenagem
cirúrgica e controle da HIC.
A avaliação
fisioterapêutica consiste na anamnese, na análise sensorial e motora, avaliação
de tônus, força, flexibilidade e resistência; verificação das incapacidades
apresentadas; avaliação cognitiva, de linguagem e emocional.
O tratamento
fisioterapêutico divide-se em duas fases:
* Fase aguda-
hospitalar
Objetivos:
- Promover uma boa função respiratória
- Prevenir contraturas e deformidades e
complicações secundárias
-Tratar as anormalidades de movimento e de
tônus muscular
Conduta:
- Alongamento
passivo e lento
- Exercícios de
ADM
- Mobilização
intra -articular
- Exercícios de
fortalecimento
- Posicionamento
(rolos, travesseiros, cunhas, espumas)
- Exercícios e
alongamentos respiratórios
- Reeducação
funcional respiratória
- Propriocepção
- Treino de
sentar levantar*
- Treino de
reações de equilíbrio sentado e descarga de peso*
- Método Kabat*
- Órteses
(punho, tornozelo)=colocadas no mm. em posição alongada ou neutra=estira os
elementos do tec.conjuntivo e adição de sarcômeros às fibras musculares.
* Fase
ambulatorial:
Objetivos: os mesmos acima
-Proporcionar um
equilíbrio,coordenação, postura corretas
-Maximizar toda
habilidade remanescente
-Proporcionar
uma independência funcional e qualidade de vida.
Conduta:
-
Eletrotermoterapia: Tens, calor superficial, FES
- Crioterapia
- Mecanoterapia
- Método Bobath
- Método Kabat
- PRM
- Método Rood
- Hidroterapia
e/ou atividades de lazer
- Treino de
AVD’s com atividades funcionais e uso de órteses adaptadas.
- Treino de
tranferências
- Treino de
marcha
- Exercícios
aeróbicos
- Orientações ao
cuidador e família e adaptações para casa.