terça-feira, 20 de maio de 2014

ANÁLISE DA MARCHA

A Análise da marcha é importante para o estudo e tratamento de patologias que envolvem o aparelho locomotor.

Segundo Cynthia Norkin (1993) “a marcha é uma atividade complexa que envolve o sistema nervoso central e periférico e o sistema musculoesquelético.”

Os mecanismos básicos do processo de análise da marcha são: a cinemática, a cinética, o controle motor, a normalidade e a marcha patológica.

A Cinemática consiste no estudo de parâmetros têmporo-espaciais da marcha (como velocidade, ângulos articulares durante o movimento etc.).  Já a cinética é o estudo das forças envolvidas com o movimento.

A Cinemática Linear permite analisar o comprimento e a largura dos passos e passada, a cadência e velocidade da marcha. Já a Cinemática Angular descreve o movimento angular que ocorre durante a marcha.

Movimentos angulares no plano sagital: flexão-extensão; no plano frontal: abdução e adução; e no plano transverso: rotação.

O ciclo de marcha consiste no período entre o toque de calcanhar de um pé até o próximo toque de calcanhar do mesmo pé, ou seja, na passada, e no período entre o toque de calcanhar de um pé e o próximo toque de calcanhar do outro pé, ou seja, no passo. Logo, uma passada contém dois passos.

O ciclo de marcha é dividido em fases para sistematizar seu estudo:

Fase de Apoio: permite progressão enquanto mantém a estabilidade de sustentação do peso do corpo.

• contato inicial

• resposta de carga

• apoio médio

• apoio terminal

• desprendimento


Fase de balanço: tem por características o levantamento do pé do solo, o avanço do membro no espaço e a preparação para o próximo apoio.

• balanço inicial

• balanço médio

• balanço final

Contato inicial

- o tornozelo encontra-se em posição neutra, na resposta à carga, o tornozelo faz uma flexão plantar de 7°, daí em diante ele começa a fazer uma dorsiflexão que chega a 15°.

- o quadril é flexionado em aproximadamente 30°, é rodado externamente 5° e é neutro em relação à abdução-adução.

Apoio Terminal

- o tornozelo faz flexão plantar de 15°.

- o quadril estende-se até alcançar 10° de extensão.

Pré-oscilação

- o quadril flexiona-se em 35° e em seguida começa a estender-se antes do próximo contato inicial.

Médio apoio

- o quadril alcança uma abdução de 5°.

O joelho incialmente está estendido, flexionando-se gradualmente, em seguida até sua flexão máxima da fase de sustentação em 20° na fase de médio apoio, quando volta a se estender, e então volta a flexionar-se em 40° durante a pré-oscilação. Ao iniciar o balanço, o joelho continua a se flexionar até 60-70° no balanço médio, voltando a se estender na preparação do próximo apoio.

 
O fisioterapeuta deve avaliar a cinemática das articulações dos membros inferiores durante a marcha a fim de avaliar possíveis alterações mecânicas que podem estar relacionadas a disfunções ortopédicas.
 - Logo após a fase de contato do calcanhar, a articulação subtalar realiza uma rápida pronação.
- A pronação da subtalar ocorre juntamente com a rotação interna da perna, e a supinação ocorre com a rotação externa da perna.
- A flexão do joelho logo após o choque de calcanhar ajuda a amortecer o impacto.
Ações musculares:

- Contato inicial: dorsiflexores do tornozelo, quadríceps, eretores da coluna, flexores e adutores do quadril, glúteo máximo e posteriores da coxa.

- Resposta à carga: tibiais, flexor do hálux e dos dedos, glúteo máximo e posteriores da coxa, quadríceps, gastrocnêmios, eretores da coluna

- Apoio médio: glúteo médio, intrínsecos do pé e flexores plantares, iliopsoas, quadríceps, gastrocnêmios.

- Apoio terminal: flexores plantares e intrínsecos do pé, tríceps sural e isquiotibiais.

- Pré-balanço: flexores plantares e intrínsecos do pé, flexor longo do hálux, iliopsoas e adutores de quadril.

- Balanço inicial: dorsiflexores de tornozelo, flexores de quadril, glúteo médio.

- Balanço médio: dorsiflexores de tornozelo, glúteo médio e quadrado lombar.

- Balanço terminal: dorsiflexores de tornozelo, quadríceps e glúteo máximo.

Entre 1 e 3 anos de idade o modelo de locomoção é a marcha acelerada, pois a criança busca o centro de gravidade do corpo. Após os 3 anos adquire-se o padrão maduro de marcha.

O comprimento do passo aumenta conforme o crescimento musculoesquelético, a base de apoio vai se adequando com o crescimento. Nos primeiros meses de marcha o joelho estará sempre fletido, pois o centro de gravidade mais baixo proporciona maior estabilidade.

Nos idosos há uma diminuição do comprimento do passo e um aumento do tempo de duplo apoio.


 
Marchas anormais:

- em bloco, festinante: Parkinson
- ebriosa: ataxia cerebelar

- tanolante: ataxia sensitiva

- escarvante: lesão no nervo fibular ou ciático ou raiz de L5

- ceifante: espástica, hipertonia dos músculos extensores, síndrome piramidal

- em tesoura: hipertonia bilateral de adutores


Marchas Patológicas: https://www.youtube.com/playlist?list=PLB3D3067F13CED7AF


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