O
ligamento cruzado anterior (LCA) é um dos principais ligamentos do joelho, já
que tem função de estabilização do mesmo, ajudando no movimento de rotação e de
rolamento do joelho, ele também impede a translação anterior da tíbia e a
rotação externa da mesma.
O
LCA apresenta as seguintes características:
•
Hipervascularizado;
•
Sensor proprioceptivo;
•
Auxilia na restrição
dos movimentos extremos para rotação do joelho;
•
Limita a anteriorização
excessiva da Tíbia;
•
Auxilia o trabalho
biomecânico do LCL/LCM;
•
Frequentemente
lesionado em esportes de contato com MI como pivô e em CCF;
•
Está mais frágil com o
joelho em Flexão/CCF.
As
principais causas de lesões nesse ligamento estão relacionadas com a prática de
esportes, tais como: Futebol, Esqui, Voleibol, Basquete, e outros relacionados
a movimentos torcionais de flexo-rotação, em geral por não contato direto.
O
mecanismo de lesão se dá por entorse de joelho com rotação interna do fêmur
sobre a tíbia com o pé fixo no solo, combinado com stress em valgo e em flexão
do joelho; ou por hiperextensão são do joelho.
Durante
a anamnese o paciente relata e/ou apresenta: Estalos no momento da lesão; derrame
articular; dor ao realizar movimentos; dificuldade na deambulação; edema; instabilidade
articular (falseios).
A lesão do LCA é
diagnosticada através de exames complementares (RNM) e através de exame físico
(Teste da Gaveta Anterior, Teste de Lachman e Teste do Pivot Shift).
O
tipo de tratamento irá variar de acordo com o grau da lesão:
•
Lesões Grau I
Tratamento clínico
conservador/Fisioterapia.
•
Lesões Grau
II
Tratamento clínico
conservador/Fisioterapia;
Ocorrerá cirurgia se persistirem os
falseios após 6 meses de tratamento conservador.
•
Lesões Grau
III
Tratamento cirúrgico;
Substituição do LCA rompido por enxertia;
Área doadora – 1) tendão patelar (porção
central) / 2) Ísquios tibiais (semitendinoso)
As cirurgias podem ser para reconstrução do ligamento
(Tratamento Gold Standard) ou com reconstrução com tendão patelar; com tendão
dos flexores; com aloenxerto; com tendão do quadríceps; com enxerto sintético.
Os
enxertos com tendão patelar e com tendão da pata de ganso apresentam algumas
características:
- Patelar: fixação do enxerto com parafusos, é mais resistente, porém com recuperação mais lenta;
- Pata de ganso: fixação do enxerto com grampo, é menos resistente, porém com recuperação mais rápida.
Processo
de cicatrização apresentará as seguintes fases:
•
Necrose ( 3 primeiras semanas) :não pode fazer tensão pois
pode romper, nada de estresse.
• Revascularização: Ocorre antes da proliferação as células do enxerto
mesenquimais faz a proliferação (6
a 8 semana)
•
Proliferação celular (3 semanas): o túnel começa a fechar e pode iniciar
exercícios para aumentar hipertrofia óssea, da musculatura e aumento do
espessamento do tendão e começar a produzir colágeno.
•
Remodelamento: Na fase colágena, o tendão vira ligamento começa
então a fazer trabalho de carga para eliminar volume muscular para ganhar
hipertrofia e hipertrofia do tendão.
Após
a reconstrução do ligamento o paciente poderá apresentar como complicações: dor
anterior no joelho; rigidez articular; atrofia muscular; contratura em flexão;
perda da extensão.
No
Pós-operatório imediato o paciente apresentará: dor à movimentação; marcha com
muletas; amplitude de movimento (extensão total e 100 graus de flexão); cicatriz cirurgica; sensibilidade ao redor da
cicatriz; processo inflamatório da articulação; derrame articular; fraqueza
muscular do membro inferior operado (inibição).
A reabilitação constitui de:
•
Proteção do enxerto e dos pontos cirúrgicos
•
Eliminação rápida/precisa dos sinais flogísticos
•
Manutenção da extensão completa do joelho e da ADM gradual.
•
Atividades inicias em semiflexão (60º/90º)
•
Recuperação do Trofismo/Propriocepção
•
Treino de marcha com muletas e sem
•
Treino para AVP´s
A
reabilitação da lesão do LCA apresenta as seguintes fases:
1. Fase de proteção
•
Eletroterapia (FES – 1:3)
•
Crioterapia – (crio/compressão/elevação)
•
Mobilização patelar em diagonal
•
Estimulação do quadrante anterior/posterior da coxa (1:3)
•
Treino marcha muletas
2. Fase I
·
ADM parcial
·
Treino com muletas
·
Eletroterapia
·
FES/BIOFEEDBACK
·
CPM
·
Ativos livres (60º/90º)/extensão
·
Propriocpeção grau I/II
3. Fase II
·
ADM
·
Treino sem muletas
·
Eletroterapia
·
FES/BIOFEEDBACK
·
CPM
·
Mobilização patelar
·
Ativos livres (60º/90º)
·
Ativos resistidos moderados (RM)
·
Propriocpeção grau I/II
4. Fase III
·
ADM completa
·
Treino de marcha sensibilizado
·
Ativos resistidos totais
·
Treino de AVP´s/esporte
•
Propriocpeção grau I/II/III
em 27 de Outubro de 2012 sofri um acidente de trabalho, após exames, ressonância magnética, foi detectada lesão do menisco e rotura parcial do LCA, em 11 de Novembro fiz cirurgia, astroscopia ao menisco e ao LCA como era só parcial o medico utilizou uma técnica de radiofrequência?? 10 meses depois nunca recuperei nem em fisioterapia, nem em hidroterapia, então numa junta médica, com 8 médicos, analisaram o meu caso e decidiram fazer Ligametoplastia do LCA. Gostaria de saber se é normal, aproximadamente um mês depois de fazer a cirurgia, sentir uma dor muita intensa na tíbia (canela) com perda de sensibilidade na epiderme e com guinadas de dor esporádicas?
ResponderExcluirOlá Paulo, bem, o LCA se liga à parte anterior da tíbia estabilizando o joelho anteriormente. Geralmente as roturas parciais são tratadas de modo conservador com o objetivo de analgesia e estabilidade dinâmica do joelho. Esta obtém-se através do reforço muscular e do treino propriocetivo. Nos casos que necessitam de ligamentoplastia do LCA são utilizados alguns enxertos, os mais utilizados na atualidade são o terço médio do tendão patelar e os tendões dos músculos isquiotibiais (semitendinoso e gracilis). Após a cirurgia se inicia o processo de reabilitação fisioterapêutica que visa a restauração da força, retorno da amplitude de movimento e etc. Porém, podem surgir algumas intercorrências como tendinites, limitações do arco de movimento, fraqueza muscular e outras, que dificultam a recuperação funcional. Alguns pacientes relatam sentir dores na região posterior do joelho, isso se dá devido ao local de retirada do enxerto doador. Outros relatam dores devido a encurtamento de músculos posteriores da coxa. Além dos relatos de dor há a questão da propriocepção que pode estar alterada em alguns casos, sendo importante o tratamento proprioceptivo nesses pacientes. A recuperação pós-cirurgia de LCA vai depender de paciente pra paciente, por isso é importante ter um tratamento fisioterapêutico específico para cada caso. E é importante também sempre ter o acompanhamento médico pra analisar a evolução do quadro do paciente. Caso as dores e a falta de sensibilidade estejam incomodando muito e dificultando sua recuperação é bom procurar o médico que o operou para analisá-lo.
ExcluirEspero tê-lo ajudado de alguma forma!
Deixo aqui dois links sobre o assunto:
http://www.frasce.edu.br/nova/pdf/ARTIGO%20%20REABILITACAO%20LCA%20-%20MATHEUS.pdf
http://www.fcsaude.ubi.pt/thesis/upload../0/1146/tesedemestradonunome.pdf