domingo, 3 de fevereiro de 2013

NEURO-HISTOLOGIA



Os neurônios são as células mais importantes do tecido nervoso. Eles são constituídos por um corpo celular (pericário) e por prolongamentos celulares, que podem ser de dois tipos: dendritos e axônios.

Os neurônios podem ser classificados, de acordo com o número de prolongamentos, em unipolares, bipolares ou multipolares, sendo estes últimos os mais freqüentes.

O pericário contém o núcleo celular, onde se localiza o material genético, e uma porção variável de citoplasma, onde se localizam as organelas e inclusões. Dentre as organelas citoplasmáticas o retículo endoplasmático granular recebe destaque, pois é responsável pela síntese de proteínas. Ele é muito abundante nos neurônios.
Outras organelas evidentes no pericárdio e nos prolongamentos neuronais são os neurofilamentos e microtúbulos. Eles são importantes para a manutenção da forma neuronal, constituindo o esqueleto celular, e participam do transporte de substâncias ao longo dos prolongamentos.
O neurônio é uma célula altamente especializada que perdeu a capacidade de mitose e de reprodução. Logo, quando há lesão de células nervosas, as células sobreviventes não podem reproduzir-se para regenerar o tecido perdido.
Os dendritos são prolongamentos celulares geralmente múltiplos, eles possibilitam uma expansão considerável da superfície neuronal e fazem contato com a maioria dos prolongamentos de outras células. A informação captada por um neurônio, geralmente, é conduzida dos dendritos até o pericário neuronal e daí se propaga até o axônio, que irá estabelecer contato com outras células. É o que se chama de “polarização funcional” da célula nervosa.
Os axônios são mais finos que os dendritos e conduzem os impulsos nervosos desde o pericário até o ponto em que eles serão transmitidos a outras células.
O impulso nervoso tem natureza elétrica e depende de trocas iônicas através da membrana celular. Existem mecanismos que transportam seletivamente alguns íons, como sódio (Na+) e o potássio (K+), provocando uma diferença de concentração nos dois lados da membrana. O resultado é o aparecimento de um potencial elétrico entre os lados externo e interno da membrana, com excesso de cargas positivas externamente e de cargas negativas internamente, chamado de “potencial de repouso”. Quando a membrana é excitada ocorre uma “despolarização” da mesma, com entrada de íons Na+ em grande quantidade, tornando o interior positivo em relação ao lado externo. Essa perturbação é muito rápida e a repolarização se faz em seguida, pela saída de íons K+, que traz a normalidade de volta. Essa rápida modificação da polaridade neuronal constitui o “potencial de ação”.

Uma boa parte dos axônios encontrado no sistema nervoso dos vertebrados é envolvida por uma “bainha de mielina”. No SNC, as células responsáveis pela formação da bainha de mielina são os oligodendrócitos e no SNP são os neurolemócitos, ou células de Schwann. Os fenômenos elétricos responsáveis pela propagação do impulso terão lugar, nas fibras mielinizadas, apenas nas regiões da membrana axonal que não estiverem envolvidas pela mielina: os chamados nódulos de Ranvier.
As células nervosas entram em contato com outras células e com elas se comunicam através das sinapses. Estas são constituídas por uma terminação axonal dilatada cuja membrana, chamada pré-sináptica, está justaposta à membrana de outra célula: a membrana pós-sináptica.
Nas sinapses, quando um impulso nervoso chega à terminação nervosa, ocorre a liberação de uma substância, o neurotransmissor, que irá agir em proteínas receptoras na membrana pós-sináptica permitindo a passagem do estímulo nervoso. Quando este atinge o elemento pré-sináptico, as vesículas se dirigem para a zona ativa e aí se fundem à membrana, liberando o neurotransmissor. Este vai agir nos receptores farmacológicos da membrana pós-sináptica. Depois de provocar alteração na membrana pós-sináptica, o neurotransmissor é rapidamente inativado, por difusão, recaptação pela terminação pré-sináptica ou destruição enzimática.

Os neurotransmissores são geralmente produzidos no pericário neuronal, são transportados ao longo do axônio e armazenados nas vesículas sinápticas.
Além dos neurônios, existem outras células envolvidas na condução dos impulsos nervosos, são chamadas neuroglia, ou células da glia. No SNC existem 4 tipos de neuroglia: astróglia, oligodendróglia, micróglia e epêndima.
Os astrócitos são células que possuem numerosos prolongamentos. Eles constituem um suporte estrutural para os neurônios e participam do processo de cicatrização do SNC, ajudando a produzir o tecido cicatricial. Eles também participam da regulação do fluxo sanguíneo e fazem parte da chamada barreira hematoencefálica, que impede a passagem de muitas substâncias do sangue para o sistema nervoso.
Os oligodendrócitos têm poucos prolongamentos e sua função primordial parece ser a formação de mielina para os axônios do SNC.
Os micrógliócitos são células pequenas, que têm função fagocitária, removendo dendritos e microrganismos no interior do SNC.
Os ependimócitos revestem as cavidades do SNC, colocando-se em contato com o líquido cérebro-espinhal. Este é produzido em parte pelos ependimócitpos comuns e pelo plexo corióide.
Os nervos são constituídos por fibras nervosas (axônios) protegidas por um envoltório de tecido conjuntivo. As fibras nervosas, com suas bainhas, são envolvidas por um tecido conjuntivo delicado, que forma o endoneuro. No interior do nervo, as fibras nervosas se organizam em fascículos, que são envolvidos por um perineuro, e o nervo como um todo tem um envoltório conjuntivo que leva o nome de epineuro. Estes envoltórios além de servirem de proteção aos nervos são importantes por conterem vasos sanguíneos que irão trazer oxigênio e outros metabólitos essenciais.
Como nos nervos existem apenas prolongamentos neuronais e não células nervosas, aí sim, existe a possibilidade de regeneração em caso de lesão.

Fundamentos de Neuroanatomia. Cosenza, Ramon M. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.


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