domingo, 17 de março de 2013

Reabilitação do Ligamento Cruzado Anterior - LCA



O ligamento cruzado anterior (LCA) é um dos principais ligamentos do joelho, já que tem função de estabilização do mesmo, ajudando no movimento de rotação e de rolamento do joelho, ele também impede a translação anterior da tíbia e a rotação externa da mesma. 

O LCA apresenta as seguintes características:

         Hipervascularizado;
         Sensor proprioceptivo;
         Auxilia na restrição dos movimentos extremos para rotação do joelho;
         Limita a anteriorização excessiva da Tíbia;
         Auxilia o trabalho biomecânico do LCL/LCM;
         Frequentemente lesionado em esportes de contato com MI como pivô e em CCF;
         Está mais frágil com o joelho em Flexão/CCF.

As principais causas de lesões nesse ligamento estão relacionadas com a prática de esportes, tais como: Futebol, Esqui, Voleibol, Basquete, e outros relacionados a movimentos torcionais de flexo-rotação, em geral por não contato direto.

O mecanismo de lesão se dá por entorse de joelho com rotação interna do fêmur sobre a tíbia com o pé fixo no solo, combinado com stress em valgo e em flexão do joelho; ou por hiperextensão são do joelho.



Durante a anamnese o paciente relata e/ou apresenta: Estalos no momento da lesão; derrame articular; dor ao realizar movimentos; dificuldade na deambulação; edema; instabilidade articular (falseios).

 A lesão do LCA é diagnosticada através de exames complementares (RNM) e através de exame físico (Teste da Gaveta Anterior, Teste de Lachman e Teste do Pivot Shift).


O tipo de tratamento irá variar de acordo com o grau da lesão:

         Lesões Grau I
    Tratamento clínico conservador/Fisioterapia.

         Lesões Grau II
    Tratamento clínico conservador/Fisioterapia;
    Ocorrerá cirurgia se persistirem os falseios após 6 meses de tratamento conservador.

         Lesões Grau III
    Tratamento cirúrgico;
    Substituição do LCA rompido por enxertia;
    Área doadora – 1) tendão patelar (porção central) / 2) Ísquios tibiais (semitendinoso)
  
As cirurgias podem ser para reconstrução do ligamento (Tratamento Gold Standard) ou com reconstrução com tendão patelar; com tendão dos flexores; com aloenxerto; com tendão do quadríceps; com enxerto sintético.

Os enxertos com tendão patelar e com tendão da pata de ganso apresentam algumas características:


  • Patelar: fixação do enxerto com parafusos, é mais resistente, porém com recuperação mais lenta;
  • Pata de ganso: fixação do enxerto com grampo, é menos resistente, porém com recuperação mais rápida.


Processo de cicatrização apresentará as seguintes fases:

         Necrose ( 3 primeiras semanas) :não pode fazer tensão pois pode romper, nada de estresse.

       Revascularização: Ocorre antes da proliferação as células do enxerto mesenquimais faz a proliferação (6 a 8 semana)

         Proliferação celular (3 semanas): o túnel começa a fechar e pode iniciar exercícios para aumentar hipertrofia óssea, da musculatura e aumento do espessamento do tendão e começar a produzir colágeno.

         Remodelamento: Na fase colágena, o tendão vira ligamento começa então a fazer trabalho de carga para eliminar volume muscular para ganhar hipertrofia e hipertrofia do tendão.

Após a reconstrução do ligamento o paciente poderá apresentar como complicações: dor anterior no joelho; rigidez articular; atrofia muscular; contratura em flexão; perda da extensão.

No Pós-operatório imediato o paciente apresentará: dor à movimentação; marcha com muletas; amplitude de movimento (extensão total e 100 graus de flexão);  cicatriz cirurgica; sensibilidade ao redor da cicatriz; processo inflamatório da articulação; derrame articular; fraqueza muscular do membro inferior operado (inibição).

A reabilitação constitui de:

         Proteção do enxerto e dos pontos cirúrgicos
         Eliminação rápida/precisa dos sinais flogísticos
         Manutenção da extensão completa do joelho e da ADM gradual.
         Atividades inicias em semiflexão (60º/90º)
         Recuperação do Trofismo/Propriocepção
         Treino de marcha com muletas e sem
         Treino para AVP´s

A reabilitação da lesão do LCA apresenta as seguintes fases:

1.      Fase de proteção
         Eletroterapia (FES – 1:3)
         Crioterapia – (crio/compressão/elevação)
         Mobilização patelar em diagonal
         Estimulação do quadrante anterior/posterior da coxa (1:3)
         Treino marcha muletas

2.      Fase I
·        ADM parcial
·        Treino com muletas
·        Eletroterapia
·        FES/BIOFEEDBACK
·        CPM
·        Ativos livres (60º/90º)/extensão
·        Propriocpeção grau I/II


3.      Fase II
·        ADM
·        Treino sem muletas
·        Eletroterapia
·        FES/BIOFEEDBACK
·        CPM
·        Mobilização patelar
·        Ativos livres (60º/90º)
·        Ativos resistidos moderados (RM)
·        Propriocpeção grau I/II

4.      Fase III
·        ADM completa
·        Treino de marcha sensibilizado
·        Ativos resistidos totais
·        Treino de AVP´s/esporte
         Propriocpeção grau I/II/III


2 comentários:

  1. em 27 de Outubro de 2012 sofri um acidente de trabalho, após exames, ressonância magnética, foi detectada lesão do menisco e rotura parcial do LCA, em 11 de Novembro fiz cirurgia, astroscopia ao menisco e ao LCA como era só parcial o medico utilizou uma técnica de radiofrequência?? 10 meses depois nunca recuperei nem em fisioterapia, nem em hidroterapia, então numa junta médica, com 8 médicos, analisaram o meu caso e decidiram fazer Ligametoplastia do LCA. Gostaria de saber se é normal, aproximadamente um mês depois de fazer a cirurgia, sentir uma dor muita intensa na tíbia (canela) com perda de sensibilidade na epiderme e com guinadas de dor esporádicas?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Paulo, bem, o LCA se liga à parte anterior da tíbia estabilizando o joelho anteriormente. Geralmente as roturas parciais são tratadas de modo conservador com o objetivo de analgesia e estabilidade dinâmica do joelho. Esta obtém-se através do reforço muscular e do treino propriocetivo. Nos casos que necessitam de ligamentoplastia do LCA são utilizados alguns enxertos, os mais utilizados na atualidade são o terço médio do tendão patelar e os tendões dos músculos isquiotibiais (semitendinoso e gracilis). Após a cirurgia se inicia o processo de reabilitação fisioterapêutica que visa a restauração da força, retorno da amplitude de movimento e etc. Porém, podem surgir algumas intercorrências como tendinites, limitações do arco de movimento, fraqueza muscular e outras, que dificultam a recuperação funcional. Alguns pacientes relatam sentir dores na região posterior do joelho, isso se dá devido ao local de retirada do enxerto doador. Outros relatam dores devido a encurtamento de músculos posteriores da coxa. Além dos relatos de dor há a questão da propriocepção que pode estar alterada em alguns casos, sendo importante o tratamento proprioceptivo nesses pacientes. A recuperação pós-cirurgia de LCA vai depender de paciente pra paciente, por isso é importante ter um tratamento fisioterapêutico específico para cada caso. E é importante também sempre ter o acompanhamento médico pra analisar a evolução do quadro do paciente. Caso as dores e a falta de sensibilidade estejam incomodando muito e dificultando sua recuperação é bom procurar o médico que o operou para analisá-lo.

      Espero tê-lo ajudado de alguma forma!

      Deixo aqui dois links sobre o assunto:

      http://www.frasce.edu.br/nova/pdf/ARTIGO%20%20REABILITACAO%20LCA%20-%20MATHEUS.pdf

      http://www.fcsaude.ubi.pt/thesis/upload../0/1146/tesedemestradonunome.pdf

      Excluir